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Curiosidades Vítimas de fraudes na infância chegam aos 18 anos com dívidas. CPFs de crianças são usados para abrir empresas e aplicar golpes

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CPFs de crianças são usados para abrir empresas e aplicar golpes. (Foto: Reprodução)

Para muitos jovens, a vida adulta é o início de uma nova fase. Mas para alguns significa lidar com um choque: descobrir que carregam milhares de reais em dívidas antes mesmo de ingressar no mercado de trabalho. Essa é a realidade apresentada por Renata Furst, em um post que viralizou nas redes sociais e já acumula mais de 300 mil visualizações, além de dezenas de relatos de pessoas que passaram pela mesma situação.

A especialista em combate ao crime financeiro Renata Furst, 34 anos, que atualmente mora nos Estados Unidos, explica como descobriu as dívidas em seu nome.

“Eu digo que tive uma infância cheia de mistérios. Nos anos 90, tudo era feito por carta, então recebíamos várias. Eu via as cartas no meu nome e ficava fantasiando, achando que era um príncipe me escrevendo, que ele iria me levar para um castelo”, relembra Renata. Mas o conto de fadas não durou muito tempo.

Aos 12 anos, a menina descobriu que duas empresas, uma de cerâmica e uma pizzaria, já falidas, haviam sido abertas em seu nome por um parente próximo que utilizou seu CPF quando ela tinha apenas 8 anos. Renata e a irmã gêmea, sobre quem preferiu não dar detalhes, sofreram o mesmo golpe.

“Minha mãe autorizou, mas ela foi enganada. Foi prometido que eu ia crescer com segurança, com nome no mercado, e ela acreditou. No final, a única coisa que eu herdei foi dívidas. Eu estava como sócia no papel, mas, óbvio, eu não era. Eu era apenas uma criança.”

Renata conta que, na época, também eram comuns as visitas de oficiais de Justiça.

“Sempre havia oficiais que iam até a minha casa e perguntavam por mim e pela minha irmã gêmea. Eles ficavam chocados ao descobrir que eu era apenas uma menina”, diz. “Aconteceu uma vez de eles penhorarem coisas na nossa casa, sabe? Entrar e tirar nossa TV e o sofá. Foi só uma vez, mas eu ainda lembro.”

O post publicado por Renata em seu perfil no Instagram ultrapassou 300 mil visualizações e reúne diversos relatos de pessoas que compartilham a mesma história.

O jornal O Dia entrou em contato com a Receita Federal, que informou a existência de 60.012 CNPJs no Brasil com menores de idade no quadro societário. Não há, porém, levantamento sobre o número de golpes aplicados. A especialista em combate ao crime financeiro ressalta que esses casos são difíceis de denunciar.

“Depois que eu postei o vídeo, várias vítimas vieram falar comigo, pelo menos umas 50. E, de todos os relatos, ninguém reportou nada. Então não está no sistema”, afirma Renata. “Tem uns advogados que falam que é ‘só entrar com processo’, mas como assim? Advogado é caro e não é garantido. Demora anos, é um estresse financeiro e psicológico ter que reviver tudo.”

Renata também salienta que a decisão de não recorrer ocorre porque, muitas vezes, os parentes estão envolvidos no golpe.

“Na maioria dos casos, os responsáveis são os familiares. E como uma criança vai contra os pais? Às vezes, isso significa perder a família inteira. Teve uma vítima que me disse exatamente isso. No caso dela, era conta de água, telefone, algo assim. Ela poderia abrir um caso contra os pais, mas disse que, para resolver isso, iria perder a família inteira: a avó, a tia, o primo.”

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), hoje, no Brasil, maiores de 16 anos e menores de 18 anos podem ser sócios de empresas, exercendo inclusive a administração, sem necessidade de serem assistidos, desde que sejam emancipados judicial ou extrajudicialmente. Já menores de 16 anos também podem ser sócios, desde que representados pelos responsáveis.

A história de Renata se repete, de forma silenciosa, em muitos lares pelo Brasil. O engenheiro Otto D. Faria, de 35 anos, conta que, hoje, as dívidas feitas em seu nome, quando tinha 17 anos, somam cerca de R$ 1 milhão.

“Meu pai abriu a empresa em 2007. Eu cheguei a dizer que não queria, mas ele disse que abriria mesmo assim e que eu teria que trabalhar com ele, que não era opcional. Na época, eu queria começar a faculdade de Psicologia, mas não pude, porque precisei começar a trabalhar contra a minha vontade”, diz Otto.

Segundo ele, a empresa começou enfrentar dificuldades em 2013. “Eu pedi para ele fechar, tirar meu nome, mas meu pai disse que iria dar certo e não me deu ouvidos. Admito que foi um pouco de inocência da minha parte. A gente fica muito vulnerável por serem nossos pais. Eu tinha ele como modelo, então não imaginava que faria isso comigo.”

Otto revela que teve certeza das dívidas em seu nome quando recebeu o segundo salário de seu trabalho e teve a conta bloqueada pelo banco.

“Foram inúmeras dívidas, trabalhistas, em banco. Acredito que, totalizando, deve ter ficado tudo na faixa de R$ 800 mil a R$ 1,2 milhão, ainda mais com os juros de todos esses anos. Sinceramente, nem faço ideia de quanto esteja”. As informações são do jornal O Dia.

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