Sábado, 06 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2025
Em meio à tensão entre os governos da Venezuela e dos Estados Unidos, o líder Nicolás Maduro teria recebido permissão do presidente Donald Trump para deixar o país rumo a um destino de sua escolha, afirmou a agência Reuters nesta segunda-feira (1). Maduro, porém, permanece na Venezuela, apesar de um avião que ele usa ter feito um trajeto até a fronteira com o Brasil.
Segundo a reportagem da Reuters, Maduro e Trump conversaram por telefone no dia 21 de novembro. Durante o diálogo, o venezuelano teria demonstrado disposição para sair do país, mas apresentou aos americanos algumas exigências em troca, como anistia total e retirada das sanções impostas pelos EUA.
Trump rejeitou a maior parte dos pedidos, mas afirmou que Maduro e seus familiares poderiam partir para qualquer lugar que escolhessem. O prazo para essa saída seria até o dia 28, segundo a agência.
No último dia desse prazo, o avião Airbus A319-133, registrado como propriedade do governo venezuelano, pousou às 21h10 em Santa Elena de Uairén, cidade venezuelana que faz fronteira com o estado brasileiro de Roraima, conforme dados dos sites de monitoramento de tráfego aéreo ADS-B Exchange e FlightRadar.
Esses portais apontaram que a aeronave permaneceu no local por cerca de 40 minutos antes de retornar a capital venezuelana Caracas. Até o momento, não há confirmação oficial nem informações de bastidores da imprensa internacional sobre se Maduro, de fato, estava no avião.
Um dia depois, Trump declarou que o espaço aéreo venezuelano deveria ser considerado “completamente fechado” diante da possibilidade de operações militares.
O trajeto feito pelo avião que já foi usado por Maduro, somado a decisão de Trump de fechar o espaço aéreo da Venezuela e ao fato de que o líder venezuelano não aparecia publicamente desde a quarta-feira (26), gerou especulações de que o presidente venezuelano teria fugido para o Brasil.
No domingo (30), porém, os rumores terminaram após o presidente venezuelano reaparecer em Caracas durante um evento público. Nessa mesma data, Trump confirmou ter conversado com Maduro, mas não detalhou o conteúdo da conversa.
Após o episódio, o presidente americano se reuniu com os seus principais assessores para discutir os próximos passos da pressão sobre o governo venezuelano, enquanto Maduro teria solicitado uma nova ligação com Trump, segundo a Reuters.
Uma fonte do governo americano disse à agência que ainda existe a possibilidade de uma saída negociada para Maduro, mas ressaltou que persistem divergências significativas e detalhes importantes a serem resolvidos. Na segunda-feira (1º), em fala para os apoiadores, Maduro jurou “lealdade absoluta” ao povo venezuelano.
Pontos da conversa
A Reuters informou que na conversa que teria durado cerca de 15 minutos, o presidente venezuelano sinalizou ao Trump que poderia sair do país mediante as seguintes condições:
• Anistia completa para ele e seus familiares, incluindo o fim das sanções americanas e do processo que enfrenta no Tribunal Penal Internacional (TPI);
• Suspensão das sanções impostas pelos EUA a mais de 100 funcionários venezuelanos, muitos deles acusados pelos Estados Unidos de violações de direitos humanos, tráfico de drogas ou corrupção;
• Nomeação da vice-presidente Delcy Rodríguez como presidente interina após a saída de Maduro, que duraria até a realização de novas eleições.
De acordo com a agência, Trump recusou a maior parte das exigências, mas autorizou que Maduro e seus familiares escolhessem o país para o qual poderiam viajar, dentro do prazo que se encerrou No dia 28.
Escalada militar
Nos últimos meses, as tensões entre Washington e Caracas aumentaram de forma constante, impulsionadas por acusações mútuas, movimentações militares e operações de inteligência. A administração Trump intensificou o que descreve como ações antidrogas no Caribe, autorizou operações secretas da CIA e passou a avaliar diferentes estratégias para pressionar ou até remover Maduro do poder.
Desde setembro, as forças americanas realizaram ao menos 21 ataques a embarcações que os EUA afirmam transportar drogas no Caribe e no Pacífico, resultando em mais de 80 mortes.
Reportagens anteriores da Reuters revelaram que o governo americano discute internamente alternativas para acelerar a saída de Maduro, enquanto o Pentágono reforça a presença militar na região. Nos últimos meses, navios de guerra, aeronaves e equipes táticas foram enviados para o entorno do Caribe, ampliando o clima de incerteza. As informações são do Valor Econômico.