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Voo perto do Brasil, anistia completa: o que se sabe sobre aval de Trump para saída de Maduro da Venezuela

Especulações sobre uma fuga de Maduro se espalharam após um avião usado pelo presidente pousar perto da fronteira com o Brasil. (Foto: Reprodução)

Em meio à tensão entre os governos da Venezuela e dos Estados Unidos, o líder Nicolás Maduro teria recebido permissão do presidente Donald Trump para deixar o país rumo a um destino de sua escolha, afirmou a agência Reuters nesta segunda-feira (1). Maduro, porém, permanece na Venezuela, apesar de um avião que ele usa ter feito um trajeto até a fronteira com o Brasil.

Segundo a reportagem da Reuters, Maduro e Trump conversaram por telefone no dia 21 de novembro. Durante o diálogo, o venezuelano teria demonstrado disposição para sair do país, mas apresentou aos americanos algumas exigências em troca, como anistia total e retirada das sanções impostas pelos EUA.

Trump rejeitou a maior parte dos pedidos, mas afirmou que Maduro e seus familiares poderiam partir para qualquer lugar que escolhessem. O prazo para essa saída seria até o dia 28, segundo a agência.

No último dia desse prazo, o avião Airbus A319-133, registrado como propriedade do governo venezuelano, pousou às 21h10 em Santa Elena de Uairén, cidade venezuelana que faz fronteira com o estado brasileiro de Roraima, conforme dados dos sites de monitoramento de tráfego aéreo ADS-B Exchange e FlightRadar.

Esses portais apontaram que a aeronave permaneceu no local por cerca de 40 minutos antes de retornar a capital venezuelana Caracas. Até o momento, não há confirmação oficial nem informações de bastidores da imprensa internacional sobre se Maduro, de fato, estava no avião.

Um dia depois, Trump declarou que o espaço aéreo venezuelano deveria ser considerado “completamente fechado” diante da possibilidade de operações militares.

O trajeto feito pelo avião que já foi usado por Maduro, somado a decisão de Trump de fechar o espaço aéreo da Venezuela e ao fato de que o líder venezuelano não aparecia publicamente desde a quarta-feira (26), gerou especulações de que o presidente venezuelano teria fugido para o Brasil.

No domingo (30), porém, os rumores terminaram após o presidente venezuelano reaparecer em Caracas durante um evento público. Nessa mesma data, Trump confirmou ter conversado com Maduro, mas não detalhou o conteúdo da conversa.

Após o episódio, o presidente americano se reuniu com os seus principais assessores para discutir os próximos passos da pressão sobre o governo venezuelano, enquanto Maduro teria solicitado uma nova ligação com Trump, segundo a Reuters.

Uma fonte do governo americano disse à agência que ainda existe a possibilidade de uma saída negociada para Maduro, mas ressaltou que persistem divergências significativas e detalhes importantes a serem resolvidos. Na segunda-feira (1º), em fala para os apoiadores, Maduro jurou “lealdade absoluta” ao povo venezuelano.

Pontos da conversa

A Reuters informou que na conversa que teria durado cerca de 15 minutos, o presidente venezuelano sinalizou ao Trump que poderia sair do país mediante as seguintes condições:

• Anistia completa para ele e seus familiares, incluindo o fim das sanções americanas e do processo que enfrenta no Tribunal Penal Internacional (TPI);
• Suspensão das sanções impostas pelos EUA a mais de 100 funcionários venezuelanos, muitos deles acusados pelos Estados Unidos de violações de direitos humanos, tráfico de drogas ou corrupção;
• Nomeação da vice-presidente Delcy Rodríguez como presidente interina após a saída de Maduro, que duraria até a realização de novas eleições.

De acordo com a agência, Trump recusou a maior parte das exigências, mas autorizou que Maduro e seus familiares escolhessem o país para o qual poderiam viajar, dentro do prazo que se encerrou No dia 28.

Escalada militar

Nos últimos meses, as tensões entre Washington e Caracas aumentaram de forma constante, impulsionadas por acusações mútuas, movimentações militares e operações de inteligência. A administração Trump intensificou o que descreve como ações antidrogas no Caribe, autorizou operações secretas da CIA e passou a avaliar diferentes estratégias para pressionar ou até remover Maduro do poder.

Desde setembro, as forças americanas realizaram ao menos 21 ataques a embarcações que os EUA afirmam transportar drogas no Caribe e no Pacífico, resultando em mais de 80 mortes.

Reportagens anteriores da Reuters revelaram que o governo americano discute internamente alternativas para acelerar a saída de Maduro, enquanto o Pentágono reforça a presença militar na região. Nos últimos meses, navios de guerra, aeronaves e equipes táticas foram enviados para o entorno do Caribe, ampliando o clima de incerteza. As informações são do Valor Econômico.

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