Quarta-feira, 10 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de setembro de 2025
Cumprindo a agenda de divulgação de “O agente secreto” fora do país, Wagner Moura foi ovacionado no Tiff, o festival de cinema de Toronto, no Canadá, no último domingo, dia 7. A imprensa norte-americana tem reforçado o potencial do brasileiro, de 49 anos, para participar da corrida para o Oscar de Melhor ator. Antes da exibição do longa para a plateia, o artista celebrou a boa repercussão que a obra tem tido.
“O caminho com esse filme tem sido tão incrível para mim. Eu estava incomodado que eu não tinha feito nada falando em português, minha língua, por 12 anos. E este filme foi a melhor forma de fazer isso, e com o Kleber (Mendonça Filho, o diretor), um cineasta que admiro tanto. É uma celebração, é o Recife… Ver o que aconteceu em Cannes (Wagner ganhou o prêmio de Melhor ator e Kleber ganhou como Melhor diretor), o filme tem sido muito bem recebido. Estou feliz por estar aqui”, disse Wagner, em inglês, que saudou os brasileiros e ouviu gritos animados de volta.
A sessão foi seguida de perguntas e respostas. Integrantes da plateia gritaram “sem anistia” e, como o filme trata da ditadura, Wagner avaliou a atuação da Justiça brasileira em meio aos processos que julgam os ataques à democracia.
“Estou muito orgulhoso das instituições brasileiras agora. Acho que o Brasil está se tornando um modelo de democracia que muitos países deveriam seguir”.
O assunto político se estendeu em outras entrevistas. À “Variety”, Wagner Moura analisou ainda como os Estados Unidos têm lidado com questões semelhantes.
“Brasileiros sabem o que é ditadura. Americanos não. Por isso, fomos eficientes em defender a democracia quando nossas instituições foram atacadas. Aqui nos EUA, às vezes as pessoas dão a democracia como garantida. Isso me assusta”.
Relação com os filhos
Em “O agente secreto”, Marcelo, o personagem de Wagner, tenta escapar de uma perseguição em meio a ditadura brasileira no fim da década de 1970. Mas há outras camadas na história. Uma delas, a relação conflituosa do protagonista com o filho. Assunto que toca o artista.
“Queria que as pessoas sentissem que estavam vendo duas pessoas diferentes. Para mim, foi imaginar o que significa crescer sem conhecer o próprio pai. Tenho três filhos. Meu pai faleceu. Esse tema pai e filho é o que mais me move como ator”, disse o brasileiro, que é pai de Bem, de 18 anos, Salvador, de 15 anos, e José, de 13 anos, frutos do relacionamento com a cineasta Sandra Delgado.
O pai de Wagner Moura, José Moura, morreu em 2011, aos 76 anos, após uma batalha contra o câncer de próstata. Ele ficou internado em um hospital de Salvador (BA), mas foi enterrado na cidade de Rodelas, no Vale do São Francisco, no norte da Bahia. Com informações do portal Extra.