Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2018
A ameaça da Justiça de tirar do mercado o herbicida mais usado no Brasil está deixando muita gente preocupada. Para entender melhor essa história, é preciso saber como o glifosato é utilizado na lavoura.
No Paraná, as máquinas estão terminando a colheita de milho. Nessa reta final, está difícil “enxergar” como vai ser o preparo da próxima safra de soja, especialmente, no combate às plantas invasoras. “A hora que começar a entrar a chuva, a terra limpa, vai vir as ervas daninhas. Se você plantar a soja e não usar o glifosato, dificilmente vai ter o controle das ervas”, afirma o agricultor Marco Brusch.
Como os agricultores fazem o plantio direto, eles já entram com aplicação de herbicida, antes de semear a soja. “Dependendo do tipo de manejo e erva daninha que ele tem na lavoura, vai de duas até quatro aplicações de glifosato pra fazer o manejo adequado em sua lavoura”, explica Marcos Rodrigues, técnico em agropecuária.
O glifosato é um herbicida vendido em galões. Ele mata as plantas que invadem lavouras de milho e soja. É o mais usado no Brasil e em vários países.
Na semana passada, depois que a Justiça brasileira ameaçou tirar do mercado o glifosato, um fato novo nos Estados Unidos esquentou o assunto: um jardineiro da Califórnia, Dewayne Lee Johnson, ganhou uma ação na Justiça contra a Monsanto alegando que contraiu câncer por causa do uso de glifosato. O valor da ação foi de mais de R$ 1 milhão. A Monsanto está recorrendo da decisão alegando não foi o glifosato que causou a doença.
Na região de Maringá, o plantio da soja começa já no segundo semestre de setembro e a maioria dos produtores já está com todos os insumos comprados. Inclusive o glifosato, que eles pretendiam começar a aplicar já nas próximas semanas. Por isso, a preocupação é grande.
O produtor Marco Bruschi comprou de uma vez o glifosato que pretendia usar até o fim da safra de soja: 1500 litros: “Você até perde o sono porque o produto tá comprado. Só falta retirar. Não tem no mercado outro produto pra substituir”.
O pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, em Londrina, diz que existem outros herbicidas no mercado, mas nenhum funciona tão bem quanto o glifosato: “O glifosato permite a aplicação em diferentes estágios de desenvolvimento. Essas características, a maioria dos produtos existentes no mercado não possuem. Uma das alternativas ao uso do glifosato é o uso da grade, que traz uma série de problemas que acabam levando à erosão, que significa assoreamento de rios, de lagos, significa uma série de problemas ambientais”.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, declarou que está encaminhando recurso junto à Advocacia-Geral da União para suspender a medida contra o uso do glifosato.