Quinta-feira, 03 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de julho de 2019
A bancada evangélica foi unida ao Palácio do Planalto, nesta quinta (11), para um café da manhã com Jair Bolsonaro, mas nos bastidores os parlamentares ligados ao segmento não estão tão afinados assim. O recente protagonismo do pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), organizador do encontro, como grande interlocutor do segmento junto ao governo está longe de ser consensual.
Desde o fim do mês passado, Feliciano começou a admitir em entrevistas que seu nome poderia ser uma boa ideia para vice de Bolsonaro em 2022. O deputado passou a descartar o atual ocupante do posto, Hamilton Mourão, e dizer que necessariamente o presidente teria um evangélico no cargo na próxima eleição. “A dificuldade é obter um nome que una todas as correntes, como Assembleia de Deus, Universal, Batista, Quadrangular. Não vejo quem faz isso hoje melhor do que eu”, disse Feliciano a revista Época.
A questão é que Feliciano não une os parlamentares evangélicos. Embora tenha se aproximado do presidente da Bancada Evangélica, o deputado Silas Câmara (PRB), ele ainda encontra muita resistência justamente nas denominações que citou na entrevista. O pastor Silas Malafaia, da igreja Vitória em Cristo, por exemplo, já escreveu em suas redes sociais, em uma clara indireta ao deputado, que é muito cedo para discutir eleições de 2022. Na quarta (10), o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM), ligado a Malafaia, nem sequer foi ao café da manhã no Planalto.
Bolsonaro se equilibra entre os dois lados que não se bicam. Se por um lado abre as portas do Planalto frequentemente para Feliciano, por outro mantém conversas por WhatsApp com Malafaia quase semanais. O presidente também concorda que é muito cedo para falar em 2022, mas jamais repreendeu Feliciano publicamente pelas frases.
Embora estejam organizados como bancada e consigam apresentar demandas em conjunto (como os pedidos para a Receita Federal mostrados pelo jornal O Globo nesta semana), os evangélicos divergem em muitos pontos. Ao contrário de outros anos, a corrida para ver quem comandaria a Frente Evangélica neste ano foi acirrada. Vários nomes se apresentaram e foi difícil chegar no nome de Silas Câmara para presidente. Além disso, há muitas diferenças de opinião na bancada quando o assunto é o decreto das armas do governo.
A relação recente de Bolsonaro com os evangélicos mantém os dois lados com um pé atrás. Os deputados não esquecem como o senador Magno Malta, fiel escudeiro durante a campanha eleitoral, deixou de ser contemplado com um espaço no governo. Por outro lado, o presidente não esquece que, até pouco tempo atrás, a Igreja Universal, Malafaia e outros líderes não acreditavam que sua candidatura seria vitoriosa.