Quarta-feira, 09 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2019
A informação de que o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), entregou a senha do seu telefone celular à PF (Polícia Federal) trouxe apreensão a parlamentares com os quais ele costuma se comunicar.
Uma das maiores preocupações de senadores, em especial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com o acesso da PF ao aparelho são as mensagens sobre a CPI da Lava-Toga, que mira ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Agora, os parlamentares avaliam que grande parte da articulação política para barrar a CPI está exposta. O fato ajudou a motivar a ação da Mesa Diretora do Senado de pedir ao STF a suspensão da análise das provas colhidas nas buscas no gabinete do líder do governo, o que inclui as mensagens do celular de Bezerra. Em paralelo, os senadores cobram do governo de Jair Bolsonaro uma defesa mais enfática da Casa.
O líder do governo no Senado entregou à Polícia Federal a senha do seu celular no dia da Operação Desintegração, na semana passada. Segundo relatos, o político desbloqueou o telefone de maneira impensada, pouco tempo antes de seus advogados chegarem ao local.
O gesto involuntário causou surpresa à defesa do parlamentar e aos policiais envolvidos na ação. Em geral, a PF solicita a senha durante o cumprimento de um mandado judicial, mas o investigado não é obrigado a fornecer.
No aparelho, há conversas com outros parlamentares, como, por exemplo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro. Todo o material apreendido na ação policial passa agora por perícia, sem prazo para terminar.
Apesar de a entrega da senha ter sido considerada um erro do senador, o fato de a PF ter a posse do aparelho celular com conversas que podem tratar de articulações políticas aumentou a irritação de parlamentares com a operação. Os mandados judiciais foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, após resistência inicial da PGR (Procuradoria-Geral da República).
André Callegari, advogado de Bezerra, disse que “não há nada de ilícito em seu telefone apreendido” e que “eventuais conversas entre ele e parlamentares ou membros do Executivo fazem parte da sua atividade parlamentar e não guardam qualquer objeto com a investigação”.
A defesa afirmou ainda que constitui “grave violação à sua prerrogativa funcional a investigação ou divulgação dessas conversas”.