Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil A internet escancara os preconceitos dos brasileiros

Compartilhe esta notícia:

Elevado número de demonstrações de ódio na internet revela intolerância do povo brasileiro, que se mostra cruel com deficientes, machista e racista em diversas mensagens (foto: reprodução)

Na Sociologia e na Literatura, o brasileiro foi, por vezes, tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do País. E um levantamento inédito, realizado pelo projeto Comunica que Muda, iniciativa da agência nova/sb, mostra, em números, a intolerância do “internauta tupiniquim”.

De abril a junho, um algoritmo vasculhou plataformas, como Facebook, Twitter e Instagram, verificando mensagens e textos sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia. Foram identificadas 393.284 menções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação. “Aquele brasileiro cordial não usa a internet no Brasil”, reflete Thiago Tavares, presidente da ONG SaferNet Brasil. “O que a gente tem visto nas redes sociais é o acirramento do discurso de ódio, de intolerância às diferenças.”

Como resultado do panorama político das eleições de 2014, “coxinhas” e “petralhas” realizam intenso debate nas redes, na maioria das vezes com xingamentos e discursos rasos, que incentivam o ódio e a divisão. Do total de mensagens analisadas, 219.272 tinham cunho político, sendo que 97,4% delas abordavam aspectos negativos. A segregação virtual foi materializada no muro erguido no gramado do Congresso Nacional para separar manifestantes contra e a favor do afastamento da então presidenta Dilma Rousseff.

O segundo tema com mais mensagens foi o ódio às mulheres. Muitos internautas parecem não entender que lugar de mulher é onde ela quiser, e a misoginia se alastra pelas redes. Assédio, pornografia de vingança, incitação ao estupro e outras violências são, por vezes, travestidos de “piadas” que são curtidas e compartilhadas, reforçando no ambiente virtual o machismo presente na sociedade. Ao todo, foram coletadas 49.544 citações que abordavam as desigualdades de gênero, sendo 88% delas com viés intolerante.

Pessoas com algum tipo de deficiência também são achincalhadas nas redes sociais. A pesquisa captou 40.801 mensagens sobre o tema, sendo 93,4% com abordagem negativa. Termos como “leproso”, “retardado mental” e o uso da deficiência para “justificar” direitos são usados nessas citações. “Ao contrário do que muita gente acha, o Brasil é intolerante. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no País; a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada”, ressalta Bob Vieira, diretor executivo da agência nova/sb. “As redes sociais fazem nada mais que amplificar esse ódio, reafirmar os preconceitos que as pessoas já têm.”

Racismo

O racismo também tem forte presença nas redes sociais brasileiras, com 17.026 menções, sendo 97,6% negativas. Recentemente, os “haters” miraram a cantora Preta Gil. “Fiquei surpresa com uma premeditada avalanche de comentários corrosivos, ofensivos e gratuitos, que mostram como a educação e os bons princípios estão perdendo a guerra para essa onda de ódio e violência que estamos vivendo”, observou a cantora, que levou o caso à Polícia Civil. “Fiz a denuncia para mostrar que eu sou apenas mais uma a sentir na pele esse ataque virtual. Ninguém quer ter a janela apedrejada. Nem o negro, nem o branco, nem o gay, nem o gordo, nem o deficiente físico, nem a menina que frequenta o candomblé.”

O levantamento também mensurou a intolerância pela aparência, homofobia, classes sociais, idade/geração, religião e xenofobia. Mais que constatar a existência do preconceito nas redes sociais, o estudo quer debater a tênue linha que separa o discurso de ódio do direito à liberdade de expressão.
Lincoln Werneck, do Instituto Coaliza, acredita em ações educativas e de conscientização para reduzir a intolerância entre os internautas, que, apoiando-se no anonimato, expressam seus preconceitos. “Internet não é terra sem lei. Se houver interesse investigativo, os agressores serão identificados”, frisa. (AG)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

O anticoncepcional injetável masculino está chegando
A Eletrobras estuda como pagar uma dívida de 124 milhões de reais à Venezuela
https://www.osul.com.br/a-internet-escancara-os-preconceitos-dos-brasileiros/ A internet escancara os preconceitos dos brasileiros 2016-12-20
Deixe seu comentário
Pode te interessar