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Colunistas Amor à primeira vista

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O presidente Jair Bolsonaro e o procurador-geral da República, Augusto Aras. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Bolsonaro dava posse ao procurador-geral da República. De gravata verde-amarela, Augusto Aras olhava encantado para o morador do Planalto. O presidente retribuiu. Olhou o deslumbrado nos olhos e soltou esta:

— Com todo o respeito, foi amor à primeira vista.

Falar é uma coisa. Escrever, outra. Na hora de redigir a matéria para o jornal, pintou a dúvida: com crase ou sem crase? Os repórteres se dividiram em dois times. Um apostava no acentinho. O outro dispensava-o. E daí?

Alguém lembrou truque aprendido na sala de aula. Nos tempos em que a escola ensinava e o aluno aprendia, o professor disse que bastava substituir a palavra feminina por uma masculina. Se no troca-troca der ao, sinal de crase. Caso contrário, nada feito. O azinho fica com a cabeça pelada.

A moçada fez o teste com o substantivo olhar.

— Foi amor ao primeiro olhar.

Viva! Vem, acentinho:

— Foi amor à primeira vista.

De olho no futuro

A GloboNews entrevistou Fernando Haddad. Simpática, a repórter circulava pela casa do ex-prefeito de São Paulo. Ele, sorridente, fazia as vezes de anfitrião. A certa altura, ela anunciou: “Vamos conversar sobre seus planos para o futuro”. Ops! Baita pleonasmo. Ganha um bombom Godiva quem fizer planos para o passado. Planos sempre olham pra frente. Sem desperdício, o convite ganha esta forma:

— Vamos conversar sobre seus planos.

Por falar em pleonasmo…

Pleonasmo é palavra grega. Lá como cá, mantém o significado. É a redundância de termos, a superabundância. Como sobremesa em excesso, enjoa. É o caso de subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro e sair pra fora. Só se entra pra dentro, só se sai pra fora, só se sobe pra cima, só se desce pra baixo. Entrar, sair, subir e descer são suficientes. Dão o recado.

Abusos como esses estão na cara. Outros são malandros. Entre eles, três palavras merecem atenção especial. Uma delas é ainda. Outra: continua. A última: manter. Sozinhas, elas são inocentes como recém-nascidos. O problema é a companhia. Quando as danadinhas se juntam a maus elementos, é um deus nos acuda. Quer ver?

Ainda mais

O programa ainda vai levar mais cinco meses.

O ainda dispensa o mais. E o mais não quer saber do ainda. Fiquemos com um ou outro: O programa ainda vai levar cinco dias. O programa vai levar mais cinco dias.

Ainda continua

Apesar das dificuldades, o diretor ainda continua esperançoso.

Desperdício, não? Continua transmite ideia de continuidade. Ainda também. Os dois juntos dão indigestão. Decida por um deles: Apesar das dificuldades, o diretor continua esperançoso. Apesar das dificuldades, o diretor ainda está esperançoso.

Manter o mesmo

O técnico vai manter a mesma equipe no jogo decisivo.

Xô, desperdício! Manter só pode ser o mesmo: O técnico vai manter a equipe no jogo decisivo.

Sem água, sem força

Ops! O governo cochilou. Era tarde, noitão adentro. Senadores saíram de mansinho. O quórum ficou magro, esquelético. Não deu outra. A oposição aprovou destaque que garfou R$ 76,4 bilhões da Previdência. Uma palavra ganhou destaque. É desidratação.

A grandona tem pai e mãe. Nasceu da greguinha hidro. Na terra de Platão e Aristóteles, hidro quer dizer água. Hidrante, hidrelétrica, hidráulico, hidrofobia pertencem à família. Hidratação também. Quer dizer tratar com água, combinar com água.

Des- indica negação. É o mesmo prefixo que aparece em desleal, desobedecer, descortesia. Desidratação é perda de água. No caso, a palavra é empregada em sentido figurado. A reforma desidratada perde recursos. E, claro, alcance, força, robustez.

Leitor pergunta

Há 18 semanas jovens de Hong Kong vão às ruas protestar por democracia. Na terça, um deles levou um tiro da polícia. O fato foi notícia. Pintou, então, a dúvida. Qual o adjetivo pátrio da ilha chinesa?

Carlos Moscar, Porto Alegre

Quem nasce em Hong kong é honconguês ou honconguesa.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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