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Por Redação O Sul | 22 de maio de 2017
As empresas do grupo J&F – holding controladora da JBS – receberam cerca de R$ 15,5 bilhões em empréstimos e aportes de capital feitos pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social mediante pagamento de propina a políticos. Segundo o empresário Joesley Batista, em sua delação premiada, os repasses ilícitos tinham como destinatários o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB), o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT) e o atual ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB).
Foram R$ 5,5 bilhões liberados pela Caixa; R$ 2 bilhões pelo BNDES; e US$ 3,58 bilhões pelo BNDESPar – ou cerca de R$ 8 bilhões pela conversão da moeda feita pelos investigadores da Operação Bullish, que justamente apurava os aportes do BNDES na JBS. As propinas totalizaram, segundo os relatos de Joesley, cerca de R$ 800 milhões, na cotação de sexta-feira.
Boa parte dos acertos foi feita por meio de intermediários, que recebiam comissões, disse o empresário. Na Caixa, Lúcio Funaro seria o responsável pela propina de Cunha, hoje preso pela Lava-Jato em Curitiba; o atual vice-presidente do banco, Antonio Carlos Ferreira, pediu pagamentos em nome de Pereira, segundo a delação.
Joesley afirmou que Victor Sandri agiu em nome de Mantega nos aportes feitos pelo BNDES na JBS entre 2005 e 2008. Depois, os acertos foram negociados diretamente com o ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Os casos relatados por Joesley se estenderam ao longo de dez anos. De acordo com ele, os últimos pagamentos foram feitos em função do empréstimo de R$ 2,7 bilhões que a Caixa deu para a J&F comprar a Alpargatas, dona da marca Havaianas e que pertencia à Camargo Corrêa. A operação ocorreu em 2015 quando a Lava-Jato já estava em andamento.