Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2016
A aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) que impõe um teto para os gastos do governo federal é vista como uma medida essencial para o controle dos gastos públicos e, por consequência, para a recuperação da economia brasileira. Economistas e analistas de mercado alertam, entretanto, que, sem a aprovação de outras medidas, como a reforma da Previdência, a mudança constitucional não garantirá o ajuste fiscal nem a retomada do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.
“O governo colocou todas as suas fichas na PEC dos gastos. Ela é muito simbólica porque é uma demonstração de força para o governo e ajuda a aumentar as chances da reforma da Previdência também”, disse a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. “O regime fiscal que temos hoje colapsou e é insustentável, tanto em razão de má gestão como também da Previdência e do envelhecimento da população do País”, completou.
A proposta é vista por investidores e pelo mercado como a primeira medida econômica efetiva por parte do governo de Michel Temer. Sua aprovação é uma demonstração de força do governo e de que conseguirá executar sua agenda de reformas. A proposta foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados em uma sessão que terminou na madrugada desta terça-feira (11).
O avanço da PEC abrirá caminho para a melhora dos índices de confiança e para uma queda da Selic já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), afirmaram analistas. A redução dos juros básicos impulsiona a expansão do crédito e dos investimentos no País, favorecendo a retomada do crescimento econômico.
“A aprovação era o cenário base de todos no mercado. Ninguém considerava a não aprovação. Muita coisa está precificada e a aprovação da PEC é a saída do discurso para a prática. É a mudança efetiva da expectativa para a ação”, afirmou o chefe de mercado de capitais da Eleven Financial, Adeodato Volpi Netto. Ele ressaltou que a aprovação da PEC coloca o País na direção correta, mas que a recuperação da economia brasileira será lenta.
Para o economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, um dos pontos positivos da PEC é justamente forçar a discussão entre os governantes sobre a distribuição dos gastos. “Ela torna obrigatória a discussão sobre onde cortar daqui para frente e acredito que não há dúvida de que a Previdência deve ser a prioridade”, explicou.
“A PEC não é uma medida de estabilização fiscal, mas de imposição de um projeto de estado mínimo no Brasil”, criticou o economista e professor da Unicamp, Pedro Rossi. Já o Conselho Federal de Economia se posicionou contra a proposta e acusou o governo de fazer um “falso diagnóstico” do déficit fiscal. (AG)