Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 20 de abril de 2019
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em uma entrevista que seria “um salto muito grande” se o presidente Jair Bolsonaro (PSL) aceitasse a privatização da Petrobras. No entanto, disse que o presidente cedeu em sua resistência quanto a venda de outra empresa. Segundo fontes do governo, a estatal que será vendida são os Correios. Desde o sinal verde dado internamente pelo presidente, a equipe econômica se debruça para estruturar a venda da estatal. O objetivo é garantir liberdade para que a empresa se modernize e se adeque às mudanças promovidas pelo comércio eletrônico quando estiver desvinculada do Estado.
O secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou que o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, era um dos principais focos de resistência às privatizações no governo. É justamente a esta pasta que os Correios estão atualmente associados. Mattar, à época, citou a empresa, junto com a EBC, empresa de comunicação, e a EPL, a estatal do trem bala, como um dos exemplos de companhia que precisava ser vendidas mas cuja privatização enfrentava dificuldades. “Setenta por cento da receita dos Correios vem da entrega de pacotes. O Estado é dono de uma transportadora. Isso é absurdo”, disse.
Publicamente, Guedes tem insistido que o governo federal deve se desfazer de ativos para diminuir a dívida pública, também apontando que o controle excessivo do Estado sobre os negócios abre margem para casos de corrupção nas estatais – como ocorreu na Petrobras, na Caixa Econômica Federal e nos Correios.
Saúde financeira pesa
Na avaliação de um técnico da equipe econômica, um dos critérios para escolher as empresas a serem privatizadas é que elas estejam saneadas financeiramente e, portanto, mais valorizadas. O valor arrecadado em cada operação é prioridade para o plano do governo de usar esses recursos para abater a dívida pública. Em 2017, os Correios voltaram a registrar lucro após quatro anos no vermelho, com resultado de R$ 667,3 milhões.
A empresa postal tenta se recuperar de uma crise que se arrasta há anos. Só entre 2015 e 2016, a companhia registrou perdas que somaram mais de R$ 5 bilhões. A estatal ficou marcada por má gestão, queda na qualidade dos serviços e greves. O Postalis, fundo de pensão da empresa, foi alvo de escândalos e de operação da PF (Polícia Federal) no ano passado.