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Colunistas Engodos e aparências (1)

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A mídia brasileira foi (e continua) invadida por farto noticiário do que chamam de reforma política. Para início de conversa, o confuso (também por que mal redigido) projeto, não passa de mero arranjo eleitoral – ajustado aos interesses eleitoreiros de seus autores – e não de uma reforma política.

É bem fácil identificar-se na tratativa açodada de alterar as razões, o medo de muitos parlamentares com a aproximação de 2018, quando ocorrerão novas eleições. Apavorados com o descrédito da “classe” (ressalte-se que há políticos sérios e competentes, pagando o pato pelos inúmeros colegas corruptos), sentem pânico ao lembrar que terão de enfrentar o eleitor, conscientes das ilicitudes que praticaram: propina, coima, venda do voto parlamentar etc.

Daí, estão querendo montar uma eleição em que apesar de o voto ser secreto, também (o que seria uma paradoxal e cínica criação “da singular democracia brasileira”) o candidato ficaria entre o camuflado e o secreto. Enfim – numa tese absurda – o objetivo é ter muitos votos de um eleitorado que não sabe exatamente em quem está votando.

Por isso, a tentativa de, pelos caciques tradicionais dos partidos, fazer-se uma lista, em ordem sequenciada de preferência, na qual os atuais parlamentares ocupariam, automaticamente, os primeiros lugares, indo os noviços (chame de renovação) para o fim da fila, com muito menos chance de eleger-se. A eleição, praticamente, ocorreria no dia em que, no Partido, se decidisse a posição do candidato na lista eleitoral. Como a ideia, obviamente predominante na Câmara, é de assegurar aos atuais parlamentares, concorrendo à reeleição, os primeiros lugares tem-se a nítida impressão de um jogo de cartas marcadas, muito marcadas.

A sustentação de tal modelo (para defesa aparente e/ou formal) é a de que, com tal fórmula, não haveria coligações nas eleições proporcionais (são as de vereadores, deputados “estaduais”, “federais” e “distritais”) o que atualmente ocorre, permitindo que aconteça, seguidamente, votar-se no candidato de um Partido – que não se elege – e o nosso voto ser aproveitado pelo candidato de um Partido coligado que, somando também o nosso sufrágio, se elege. A coligação nas eleições proporcionais é um risco de engodo, pois permite – e, em certas circunstâncias – até enseja, eleições, sem eleitores próprios do candidato beneficiado. Esse, ponto que é vital, apesar de noticiado, até agora, não foi formalizado. Seria um saneamento básico.

Está havendo uma verdadeira (tipo “a dos touros” em Pamplona) corrida dos atuais Partidos, desejosos de trocar de nome. Chegaram a errônea conclusão que, mudando o nome, corrigir-se-iam os erros – que são muitos – dos Partidos. Shakespeare, sempre ele – há quase quinhentos anos – já dizia: “não adianta cortar as raízes, os galhos e tudo o mais até mudar-se-lhe o nome, a rosa continuará exalando o mesmo perfume”. Os partidos, é bom distinguir, seguramente não exalam perfume, mas …

Sofrem de uma crise histórica de falta de identidade. Jamais, no Brasil, foram os protagonistas principais, como deviam ser, da cena política, como costumeiramente, ocorre nas verdadeiras democracias ocidentais. Formou-se uma corrente opiniática, baseada no “efeito imitação”, tão citado por Roberto Campos, sustentando que a inutilidade perigosa e perniciosa dos cerca de 40 (ou já é mais que isso?) partidos precisa ser atacada imediatamente. A posição salvadora estaria na TROCA DE NOMES. E aí, os arautos da prescrição desse medicamento saem numa caça ao NOME MILAGROSO. E se perdem e perdem a razão.

Creem chegar aos limites, muito próximos do ridículo. Pior ainda: porque não tem o eventual dom da criatividade, falta-lhes também o da originalidade. A tese é importada atrapalhadamente da Europa, onde movimentos espontâneos, incorporados em mobilizações seguidas, na defesa de causas bem definidas foram o mote natural para a partidarização (a questão do aborto, a mobilização contra o terrorismo, a situação dos migrantes, o casamento homossexual, a reação contra o racismo, a prioridade para a segurança pública e/ou combate a violência etc etc).

Aqui, sem história, ou seja, sem a relação causa e efeito, são lançadas na cesta de um novo batismo partidário as propostas. Na verdade, repito, grande parte – se não a maioria – é mera cópia, sem pagar direitos autorais, da nomenclatura europeia. É o “podemos”, a “rede”, o “avante” , o “mude”, o “pátria minha”, como se, com a remoção da casca, se curasse a ferida. Na verdade, um festival quase ridículo de aparências.

Mas há mais, muito mais, que veremos na próxima crônica.

PS: Kissinger, o mais famoso Secretário de Estado norte-americano dos últimos anos (e não era americano de nascença) dizia: “A Tecnologia é aética por natureza; a Economia, por necessidade; a Política, por conveniência”. Será que ele tinha razão?

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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No creo en brujos, pero existen! Si, existen!
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https://www.osul.com.br/engodos-e-aparencias-1/ Engodos e aparências (1) 2017-08-26
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