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Geral Ladrões roubam bancos com técnica industrial, sem uso de explosivos

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Na gíria policial, Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, é conhecida como uma exportadora de “caixeiros”. São pessoas altamente especializadas em arrombar caixas eletrônicos. (Foto: Reprodução)

Nem “Manchester brasileira” pela concentração industrial, nem “Cidade da Dança” por ter a única filial do Balé Bolshoi fora da Rússia. Na gíria policial, Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, é conhecida como uma exportadora de “caixeiros”. São pessoas altamente especializadas em arrombar caixas eletrônicos com o uso de maçarico e furadeira eletromagnética – menos ruidosos e destrutivos que os explosivos – que agem em todo o país.

Um relatório sigiloso de inteligência produzido pela Polícia Civil do Distrito Federal chamado “Dossiê Caixeiros de Joinville”, mapeou os grupos criminosos em atividade de 2014 a 2017 em pelo menos 14 estados de Norte a Sul do país. Identificou detalhadamente 30 envolvidos, sendo 20 moradores do município catarinense, cuja população de 577 mil pessoas supera a da capital Florianópolis (485,8 mil).

Produzido em dezembro passado a partir de prisões em Brasília e em outros locais, o documento é enfático: “Não há no Brasil uma cidade com um grupo de criminosos tão característicos e especializados como Joinville”. Segundo o relatório, o município se tornou o berço dos caixeiros por ter um dos principais polos do setor metal-mecânico do país, com ampla oferta de formação na área e uma mão de obra especializada em usar maçaricos e outras ferramentas.

Espalhados

Titular da Divisão de Roubos e Antissequestro da Polícia Civil de Santa Catarina, o delegado Anselmo Cruz diz que, além da destreza acima do padrão com o maquinário usado no crime, há um conhecimento difundido a respeito do funcionamento dos caixas eletrônicos. Isso porque Joinville teve duas fábricas de terminais ainda na década de 1990, segundo ele. Os roubos dispararam a partir dos anos 2000, apesar do reforço contínuo na segurança dos terminais.

“Juntou os dois “metiês”, da siderurgia e do conhecimento sobre os caixas eletrônicos. É um know-how da região que é transmitido entre gerações e chega a ser negociado. Já tivemos informação sobre venda de moldes, de gabaritos, no mercado negro”, afirma Cruz.

Com cinco anos de experiência em investigações desse tipo de crime, o delegado afirma que, “talvez com exceção do Amapá”, arrombadores de Joinville já foram presos em todas as unidades da Federação. Cruz ressalta que os criminosos sabem que a pena tende a ser baixa, já que o delito é cometido sem arma de fogo nem violência. Um aumento de punição aprovado recentemente pela Câmara se restringe aos furtos com explosivos e não alcança a técnica dos caixeiros.

“Penalmente, o uso do maçarico é como arrombar uma janela para furtar algo. Apesar de qualificado, é um furto com pena mínima de dois anos, que leva pouca gente à prisão. É um crime que, de certa forma, compensa”, critica o delegado de Santa Catarina.

Os caixeiros de Joinville agem em pequenos grupos e costumam se associar a um ou dois bandidos do lugar onde vão atacar. O “nativo” dá apoio na escolha das agências, circulação pela cidade, alojamento e segurança. Não é raro o envolvimento de policiais militares. Em janeiro, dois PMs do Rio foram presos com uma quadrilha de Joinville que tentava arrombar uma agência na capital fluminense.

Responsável pela operação no Rio, o delegado Fernando César Costa, chefe da Coordenação de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, explica que muitas parcerias se iniciaram no interior de penitenciárias Brasil afora. Caixeiros flagrados em ações acabam presos por algum tempo no local, quando fazem contato com criminosos da região, ampliando a rede de atuação do “Oiapoque ao Chuí”, afirma Costa.

“São células que partem de Joinville, atuam com revezamento entre eles na distribuição de tarefas, e alternam meses de atuação com meses de ausência”, diz o investigador.

Depois que a agência é escolhida, os caixeiros identificam a rotina do terminal, estudam os alarmes e sensores de presença, horários de movimento. No dia da ação, chegam a se passar por clientes, ocupando determinado caixa com frequência, para evitar uma retirada elevada de dinheiro ao longo do dia.

O tempo gasto com o planejamento da ação é inversamente proporcional ao da execução. Caixeiros habilidosos podem fazer um corte cirúrgico em menos de cinco minutos. Eles levam lonas, às vezes até com a logomarca do banco atacado, para cobrir o vidro do terminal e impedir a visualização externa. Também protegem o maçarico em ação, para evitar que o clarão chame a atenção de alguém. As ações ocorrem de dia e à noite.

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