Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 30 de abril de 2017
Apesar de ser chamado de repatriação, essa não é a melhor definição para o programa que legalizou bilhões em recursos clandestinos no exterior. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo, por meio da Lei de Acesso à Informação, identificou que a imensa maioria do dinheiro não voltou para o Brasil. Segundo a Receita Federal, foram regularizados 152,7 bilhões de reais até agora, mas permanecem lá fora 126,1 bilhões de reais – quase 83% do total.
O Banco Central registrou a entrada no País de 26,6 bilhões de reais. Detalhe: o grosso, 151,6 bilhões de reais, pertence a pessoas físicas. Segundo advogados que trabalharam na regularização, essa parcela menor foi trazida, principalmente, pelos pequenos investidores, com menos de 1 milhão de reais. Tanto é assim que os quase 27 bilhões de reais repatriados entraram no Brasil por meio de 10.194 contratos de câmbio. Isso indica que, na média, cada contrato foi de 260 mil reais.
Investidores com valores maiores ainda resistem. Contam que tiraram o dinheiro do País para ter uma espécie de seguro contra a instabilidade do Brasil e não acham que é hora de voltar. “A maior parte dos investidores prefere deixar o dinheiro lá fora até as coisas se acalmarem; querem ter uma reserva em moeda forte contra os riscos econômicos e políticos daqui. Tem crise, desemprego, Operação Lava-Jato. Ainda não estão acreditando no Brasil”, diz Ordélio Azevedo Sette, sócio fundador do Azevedo Sette Advogados, que já fez mais de 100 procedimentos de regularização.