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Por Redação O Sul | 1 de março de 2017
O depoimento de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da holding Odebrecht S.A., ao corregedor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Herman Benjamin, teve duramente de aproximadamente quatro horas. A audiência começou às 14h30min desta quarta-feira (1º), na sede do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná), em Curitiba, e terminou por volta das 18h30min. O conteúdo do depoimento será mantido sob sigilo.
O empresário foi ouvido como testemunha nas ações que tramitam no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.
Odebrecht, que está preso na na carceragem da PF (Polícia Federal) na capital paranaense, chegou à sede do TRE-PR por volta das 14h, em um carro com vidros escuros.
Depois do depoimento, o advogado Luciano Feldens, que defende Marcelo Odebrecht, informou que o empresário “falou o que deveria falar e o que poderia falar”. O advogado também informou que o depoimento de Odebrecht foi concluído nesta quarta.
Renato Franco, que defende a ex-presidenta Dilma, declarou que o sigilo impede qualquer comentário sobre o depoimento.
O advogado Gustavo Guedes, que representa o presidente da República, Michel Temer, reafirmou que o depoimento está sob sigilo por conta da Operação Lava-Jato e que outras testemunhas serão ouvidas para que fatos tratados nesta quarta sejam aprofundados. Por isso, a defesa disse que ainda é prematuro fazer uma avaliação do depoimento.
Guedes ainda contou que Marcelo Odebrecht respondeu a todas as perguntas e apresentou documentos, incluindo uma planilha que faz parte da investigação.
Delações Odebrecht
A determinação do TSE para que Marcelo Odebrecht fosse ouvido é do dia 22 de fevereiro.
Para o ministro, pelo que foi narrado das colaborações premiadas da Odebrecht, o empreiteiro pode ajudar com informações relevantes para as ações apresentadas pelo PSDB, nas quais o partido aponta uma série de irregularidades, entre elas o financiamento ilegal por empresas investigadas na Operação Lava-Jato.
Outros dois executivos ligados a Odebrecht, que fecharam acordo de delação premiada, também prestarão depoimento na mesma ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Eles vão ser ouvidos nesta quinta (2), no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília (DF).
São eles: Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, e o ex-dirigente da empresa Alexandrino de Salles Ramos. O depoimento deles estava marcado para quarta-feira, mas, foi remarcado.
Marcelo Odebrecht na Lava-Jato
Marcelo Odebrecht foi preso na 14 fase da Operação Lava-Jato, em junho de 2015.
O empreiteiro foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por envolvimento no esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Lava-Jato. Além disso, Marcelo Odebrecht responde a outras três ações penais oriundas da Operação Lava-Jato, na Justiça Federal do Paraná.
Alexandrino de Salles Ramos de Alencar também já foi condenado pela Lava-Jato, por lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Assim como Marcelo Odebrecht, ele foi preso na 14ª etapa da operação, mas deixou a cadeia meses depois por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
Cláudio Melo Filho chegou a ser investigado na Lava Jato, sendo alvo de condução coercititva – quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento – , mas não responde a nenhum processo.
Delação
A presidente do STF, a ministra Cármen Lúcia, homologou as 77 delações de executivos e ex-executivos da construtora Odebrecht no dia 30 de janeiro.
Com a decisão da ministra, o material foi encaminhado para a PGR (Procuradoria-Geral da República), que vai analisar os documentos para decidir sobre quais pontos irá pedir abertura de investigação.