Sexta-feira, 10 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 19 de novembro de 2018
Centenas de pessoas saíram às ruas de Tijuana, cidade mexicana perto da fronteira com os EUA, no domingo (18), para se manifestar contra os milhares de centro-americanos que integram a caravana migrante que lá repousam antes de tentar seguir viagem ao território americano. Cerca de 300 pessoas gritavam “não à invasão!”, balançando bandeiras mexicanas, numa marcha contra a presença dos migrantes até o estádio onde cerca de 2.500 centro-americanos estão abrigados. Algumas dezenas de mexicanos participaram de um contra-protesto numa manifestação de solidariedade aos vizinhos centro-americanos. As informações são do jornal O Globo e de agências de notícias internacionais.
Outros mil migrantes acampam nas ruas da cidade costeira, muitos deles nas praias. A caravana viaja há mais de um mês depois de ter partido de San Pedro Sula, em Honduras, e atravessado Guatemala e México de Sul ao Norte a pé, de carona ou em ônibus. Viajam pessoas sozinhas; grupos de amigos; e também famílias, incluindo crianças e idosos, que abandonaram suas vidas em busca de empregos e segurança.
“Eu não duvido que venham famílias, pessoas necessitadas, mas a maioria é de pessoas das gangues que cometem delitos. A prova está na violência com que entraram no país forçando as portas da fronteira com a Guatemala”, disse Esther Monroy, moradora de Tijuana de 58 anos.
Enquanto isso, um grupo menor levava cartazes brancos pedindo solidariedade aos migrantes. “O maior muro é a rejeição”, “violência cria mais violência” e “não discrimine” eram algumas das frases escritas pelos manifestantes.
“Eles estão há três dias perto de nós, e não tivemos nenhum problema. Comportam-se bem. São famílias com crianças”, disse Karen Domínguez, estudante de 26 anos que vive perto de um abrigo para migrantes.
O prefeito conservador de Tijuana, Juan Manuel Gastélum, pediu que os centro-americanos sejam expulsos e propôs uma consulta cidadã sobre o tema. Mais 3 mil pessoas ainda estão a caminho de Tijuana.
Após acusar a caravana de buscar uma “invasão” contra seu país, o presidente americano, Donald Trump, enviou milhares de militares à fronteira, incluindo soldados armados. Também definiu que apenas aqueles que cruzarem a fronteira em pontos oficiais de passagem poderão pedir refúgio nos EUA. No domingo, o republicano voltou a criticar a caravana – a que vem repetidamente qualificando de um grupo de “invasores” – em uma publicação da sua conta oficial no Twitter:
“O prefeito de Tijuana, México, acaba de dizer que ‘a cidade está mal preparada para receber todos estes migrantes, e a espera poderia ser de 6 meses’. Da mesma forma, os Estados Unidos está mal preparado para esta invasão e não a tolerará”, escreveu Trump. “Eles estão causando crimes e grandes problemas no México. Vão para casa!”
Um novo grupo de cerca de 200 migrantes salvadorenhos iniciou no domingo seu caminho para os Estados Unidos e chegou a Guatemala. Eles tentam fugir da violência e da pobreza que afetam suas comunidades, assim como os integrantes das duas primeiras caravanas que já partiram de Honduras e foram aumentando com a incorporação espontânea de novos membros pelo caminho.