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Economia Os argentinos costumam dizer que, cada vez que o Brasil espirra, a Argentina fica resfriada

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Dados foram divulgados pelo IBGE. (Foto: Divulgação)

Os argentinos costumam dizer que, cada vez que o Brasil espirra, a Argentina fica resfriada. É uma metáfora comum para explicar a forte dependência de sua economia em relação ao que acontece em seu principal sócio estratégico na região e no mundo. E não é exagerada. Entre 2013 e 2016, período em que a economia brasileira sofreu a maior recessão de sua história, as exportações argentinas para o mercado vizinho despencaram 48%. Em 2013, empresas argentinas venderam US$ 17 bilhões para o Brasil. Três anos depois, esse montante caiu para US$ 9 bilhões. O dano foi grande e hoje o clima entre as empresas argentinas é de temor de que a recuperação ainda incipiente do Brasil seja abortada pelo agravamento da crise política.

Os empresários argentinos acompanham diariamente o noticiário do Brasil e, cada vez que se encontram com um brasileiro, buscam mais informações que ajudem a entender o que está acontecendo. Atualmente, o maior medo não é saber se o presidente Michel Temer completará seu mandato. A incógnita que mais preocupa é saber quem governará o país depois de Temer, diz José Luis Passerini, gerente geral e um dos donos da empresa de plásticos Bandex, que exporta 50% de sua produção, sendo 20% destinados ao Brasil.

“Nos últimos três anos, nossas vendas ao Brasil recuaram 30%. Tínhamos um potencial estimado de crescimento de 35% por ano e não só não crescemos, como perdemos mercado”, lamenta Passerini, à frente de uma empresa familiar criada há 50 anos e hoje líder no mercado interno.

A Bandex tem duas fábricas na Argentina e chegou a ter uma no Nordeste brasileiro, que terminou vendendo por dificuldade de acesso ao crédito e, portanto, de crescimento.

“O pior ano foi 2016, nossas exportações para o Brasil caíram 17% em relação ao ano anterior. Em 2017 a coisa está mais controlada, pelo menos esperamos ficar empatados”, diz o empresário, em seu escritório do bairro de San Cristóbal.

Na fábrica de Sarandi, na região da Grande Buenos Aires, ainda não foram feitos ajustes decorrentes da redução das vendas ao Brasil. Mas Passerini não descarta cortes este ano.

“É uma pena ver o Brasil assim. Se o país estivesse normal, não digo nem com um crescimento excepcional, nossas exportações não teriam teto”, assegura o empresário.

Além de plásticos, os setores da indústria argentina mais afetados pela crise brasileira são automóveis, autopeças, produtos químicos, metal-mecânicos, trigo e algumas hortaliças, como alho e cebola (da província de Mendoza).

“No ano passado, as exportações argentinas subiram 1,4%. Se excluirmos o Brasil, o crescimento seria de 5,5%”, explica o economista Marcelo Elizondo, diretor da empresa de consultoria DNI.

De todos os setores, o mais prejudicado, assegurou Elizondo, foi o automobilístico. Estima-se que dois terços das exportações de carros e autopeças argentinas são destinadas ao mercado brasileiro. A maioria das empresas opera na província de Córdoba, Centro do país, onde foram perdidos, entre 2012 e 2016, cerca de 12 mil postos de trabalho.

“No ano passado a situação foi difícil, muitas empresas suspenderam trabalhadores. Hoje estão mais estabilizadas, esperando a recuperação. A sensação é de que o pior já passou, mas ninguém sabe”, afirma Carlos Pelliza, da Câmara de Comércio Exterior de Córdoba.

No ano passado, as exportações de automóveis para o Brasil representaram 65% do total das vendas externas do setor. Há alguns anos, o percentual chegou a ser de 80%.

“Hoje as empresas pensam em mercados alternativos como Colômbia e México, mas não é fácil substituir o Brasil”, aponta Elizondo.

Depois de um 2016 no qual o setor vendeu ao Brasil 200 mil automóveis a menos do que no ano anterior, o economista indica que a demanda de carros na Argentina começou a se recuperar e as exportações para o Brasil deixaram de cair. Depois de alcançar uma produção recorde de 828.771 unidades em 2011, a Argentina fabricou 472.776 automóveis no ano passado.

“O que não sabemos é o que vai acontecer com a crise política brasileira e a política afeta muito a economia”, frisa o economista.

Os números de 2017 mostram um panorama menos sombrio que o do ano passado, quando as vendas para o mercado brasileiro tiveram queda de 10% frente ao ano anterior. O Brasil continua sendo o principal sócio comercial da Argentina, acima de China e Estados Unidos.

“Essa dificuldade afeta, principalmente, as pequenas e médias empresas. Sei de casos de fábricas que fecharam. Outras estão tentando se adaptar ao novo cenário”, comenta o diretor da DNI. Esse é o caso da Bandex, que também exporta para outros países latino-americanos, mas mantém um vínculo privilegiado com o Brasil. (Janaína Figueiredo/AG)

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