Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de junho de 2016
Trabalhar no Grupo Odebrecht sempre foi como entrar para uma grande família. Não à toa, a empreiteira se gabava de ter como política para novas contratações a indicação feita pelos próprios funcionários. Se fosse parente, melhor ainda.
E foi como uma família que a construtora enfrentou a prisão de seu presidente Marcelo Odebrecht, há um ano.
Desde então, outros executivos foram citados no esquema de corrupção da Petrobras e um sentimento de injustiça perda de referências tomou conta do ambiente. Até mesmo a tradicional festa de fim de ano foi abolida.
Os funcionários da Odebrecht agora depositam todas as suas expectativas no sucesso dos acordos de delação premiada e de leniência. Eles querem a volta das obras e dos seus empregos, para que possam pagar as suas contas. Esperam, ainda, voltar a sentir orgulho da companhia. “Tudo o que a gente quer é virar a página”, resume um executivo.
Situação
A reputação arranhada, somada ao ambiente adverso – com recessão, alta do dólar e crises profundas em alguns dos setores em que o grupo atua –, está fazendo a Odebrecht “sangrar”. Assim os executivos ligados à empreiteira definem a situação da empresa.
O balanço consolidado de 2015, previsto para os próximos dias – com mais de um mês de atraso – deve dar uma imagem parcial, pois a situação piorou nos últimos seis meses e ainda não há resultados oficiais recentes.
Segundo apurou o jornal Estado de S. Paulo, a dívida bruta subiu de 88 bilhões de reais para 110 bilhões de reais desde 2014, uma alta de 25%, efeito do dólar e dos juros, mas também da imposição de taxas maiores para sua rolagem.
A empresa renegocia mais de 25 bilhões de reais em dívidas de empresas do setor agroindustrial, óleo e gás. Conforme analistas, um laudo interno, feito regularmente, pode revelar um cenário mais desagradável. (AE)