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Cinema Presidente do júri em Veneza não quer bater palmas para cineasta acusado de estupro

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O diretor franco-polonês de 89 anos chamou atriz de “mentirosa” e de “contadora de histórias”. (Foto: Reprodução)

A 76ª edição do Festival de Veneza começou na quarta-feira (28) já com o clima tenso. Não pelo filme de abertura, “La Verité”, do japonês Hirokazu Kore-Eda, recebido sem grande ânimo na primeira sessão, mas pela troca de farpas entre o diretor do evento, o italiano Alberto Barbera, e a presidente do júri oficial, a argentina Lucrecia Martel. A edição deste ano do Festival de Veneza segue até o dia 7 de setembro.

Na conversa com a imprensa realizada na quarta-feira, Martel foi questionada sobre sua opinião em ter que julgar um filme do cineasta Roman Polanski, “J’Accuse”, que compete ao Leão de Ouro, prêmio principal da mostra.

Houve muitas críticas à opção de Veneza por incluir a obra na disputa – em tempos de MeToo, a carreira e o prestigio do cineasta franco-polonês vive à sombra de um crime que cometeu em 1977, quando drogou e abusou sexualmente de uma jovem de 13 anos, nos Estados Unidos. Outras mulheres já o acusaram de abuso desde então, mas sem apresentação de provas.

“Não separo um homem de sua obra. O que é interessante é justamente que, nela, transpareça o homem”, disse Martel aos jornalistas. “A presença de Polanski na competição me incomodou, mas consultei escritoras e especialistas sobre o tema. No caso [do abuso sexual dos anos 1970], a vítima já considerou o caso encerrado”, disse a argentina, lembrando o perdão oficial que Samantha Geimer deu ao cineasta, alguns anos depois de ele fugir dos EUA.

As autoridades americanas, no entanto, ainda hoje consideram Polanski um foragido e o diretor não pode entrar naquele país, sob risco de ser imediatamente encarcerado. “Eu me solidarizo com o que ela [Geimer] sofreu. Vou ver o filme, mas não vou comparecer à sessão de gala. Não poderia aplaudir de pé”, disse a cineasta. “Mas me parece acertado que o filme esteja aqui. Num lugar como este é que diálogos assim precisam acontecer”, suavizou em seguida.

“Sou bem convicto de que é preciso fazer a distinção entre o homem e o crime”, opinou Barbera, logo depois. “Grandes artistas também fizeram isso e, ainda assim, admiramos suas obras.”

Outro assunto que gerou embate entre Martel e Barbera foi a exigência de alguns grupos por haver uma espécie de cota de obras femininas nos festivais. Neste ano, num total de 21 obras na disputa, Veneza conta com só dois filmes em competição dirigidos por mulheres – “The Perfect Candidate”, da saudita Haifaa Al Mansour, e “Babyteeth”, da neozelandesa Shannon Murphy.

“As cotas não trazem satisfação a nenhuma mulher, mas não há outra forma de fazer essa transição [a uma sociedade menos machista]”, disse Martel, destacando que etnias não brancas e classes sociais menos abastadas também são historicamente sub-representadas no cinema e nos festivais pelo mundo.

Barbera voltou a discordar. “Sempre fui absolutamente contra cotas na escolha de filmes para um festival”, rebateu. “Poderia ser ofensivo porque se sobreporia ao único critério que deveria haver para escolher filmes: o da qualidade.”

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