Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2017
O presidente Michel Temer planeja receber pessoalmente os integrantes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados para estabelecer a estratégia de defesa contra a denúncia por organização criminosa e obstrução de Justiça, encaminhada na quinta-feira pelo Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo aliados, Temer terá que atuar, porque grande parte da base aliada, principalmente os partidos do centrão, não aceitam a articulação política do ministro Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo. O Planalto fará ainda um “pente-fino” na comissão para ver se há risco de traições.
A meta é barrar a denúncia ainda na discussão no STF ou até no Ministério Público Federal. Mas, se isso não ocorrer, querem uma tramitação rapída na Câmara. Nos bastidores, o temor no Planalto não é com a última flecha de Janot e sim com uma delação do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Por isso, querem enterrar a denúncia “antes que Geddel fale”.
O Planalto avalia que o cenário é mais favorável a Temer do que na primeira denúncia. Um dos motivos é o desgaste de Janot, as contradições dos irmãos Batista e a contestada atuação de Marcelo Miller no processo. Na primeira denúncia, o governo teve que trocar quase todos os integrantes da CCJ. Agora, a avaliação é que a situação é mais tranquila, mas é preciso “ficar de olho”, segundo um aliado. Outra preocupação é com o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que da primeira vez criou problemas para o Planalto ao escolher o o deputado Sergio Zveiter (Pode-RJ) para ser relator do caso. Com a derrota do parecer de Zveiter, Pacheco foi enquadrado e escolheu o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) para ser o relator do parecer vencedor, ou seja, da decisão de rejeitar a denúncia contra Temer.
Agora, querem saber o humor de Pacheco e dizem que a relatoria está sendo negociada. Segundo aliados, o próprio Temer vai receber os integrantes da CCJ para estabelecer a estratégia de defesa. Temer terá que atuar, porque grande parte da base aliada, principalmente os partidos do centrão, não aceitam a articulação política do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
Aliados mais próximos ao presidente já estão trabalhando diretamente com Mariz. Na quinta-feira, antes dos advogados entrarem com recurso no STF, Mariz anunciou a estratégia a aliados. Para o vice-líder na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), Janot teve “ânsia” de apresentar a denúncia, porque está para sair da PGR.
O objetivo do Palácio do Planalto é paralisar a denúncia o máximo possível no âmbito do Judiciário, pelo menos até a próxima quarta-feira, quando o STF retomará o julgamento sobre as irregularidades no processo de delação dos donos da JBS. No plano político, a ordem é que os aliados defendam esse adiamento e ainda redobrem os ataques a Janot, destacando que ele mesmo se desgastou ao admitir “omissões gravíssimas” no processo de delação da JBS e montem um grupo de ataque a Janot, à JBS e ao ex-procurador Marcelo Miller dentro da CPI da JBS.
Bilhões em propinas
Quatro quadrilhas que, juntas, teriam recebido 3,3 bilhões de reais em propinas. Essa é a soma de tudo o que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, indicou nas quatro denúncias contra 34 políticos enviadas ao STF este mês.
O valor inclui o que o Ministério Público Federal diz ser resultado de crimes de corrupção cometidos pelas assim nomeadas organizações criminosas do PT, do PMDB da Câmara, do PMDB do Senado, e PP. O PT, que esteve no comando da Presidência da República de 2003 a 2016, responde pela maior cifra: 1,485 bilhão de reais. Em seguida aparece a suposta quadrilha do PMDB do Senado, com 864,526 milhões de reais.
Em terceiro, o grupo comandado pelo atual presidente da República Michel Temer, com propinas na casa dos 587,1 milhões de reais, seguidos de 380,9 milhões de reais destinados à organização do PP, aliado de todas essas gestões.
Nas quatro denúncias, Janot cita ainda um valor calculado pelo Tribunal de Contas da União, como o tamanho do prejuízo causado principalmente à Petrobras, estatal que foi dividida pelos três partidos e alvo de acordos que envolviam pagamentos irregularidades por fornecedores aos núcleos políticos dos três partidos. (O Globo)