Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2017
O governo norte-coreano afirmou que o lançamento, ocorrido na última sexta-feira, foi uma “advertência” aos Estados Unidos e sua vontade de impor novas sanções contra Pyongyang, ao mesmo tempo em que reforçou que responderá a qualquer intervenção de Washington.
Analistas dizem que esse segundo teste foi mais poderoso do que o primeiro, em 4 de julho, já que dessa vez o míssil poderia atingir o leste dos Estados Unidos, como a cidade de Nova York, por exemplo.
Em retaliação, o governo americano subiu o tom e enviou bombardeiros para a Península da Coreia, onde foram feitos exercícios militares conjuntos com caças japoneses.
Para a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, o tempo de falar sobre a Coreia do Norte “acabou” e a China – tida como um dos raros países a manter relações próximas com o vizinho comunista – precisa “agir”.
“Não é apenas um problema dos Estados Unidos. Isso exigirá uma solução internacional”, disse ela em sua conta oficial no Twitter.
Mas qual é a real capacidade militar da Coreia do Norte? Como seria uma guerra com a Coreia do Norte?
Em primeiro lugar, não se sabe o verdadeiro alcance desses mísseis intercontinentais, ou seja, se poderiam atingir os EUA, como advoga a Coreia do Norte.
Além disso, restam dúvidas sobre se o país conseguiria evitar que os projéteis explodam ao entrar novamente na atmosfera terrestre.
A única certeza é de que o arsenal de mísseis norte-coreano avançou nas últimas décadas, de foguetes de artilharia criados a partir de modelos da 2ª Guerra Mundial para mísseis de médio alcance capazes de atingir alvos no Oceano Pacífico.
Agora, a Coreia do Norte parece focada em construir mísseis de longa distância, que teriam o potencial de atingir a parte continental dos Estados Unidos.
Dois tipos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), conhecidos como KN-08 e KN-14, vêm sendo exibidos em paradas militares desde 2012.
Carregados e lançados da traseira de um caminhão modificado, o KN-08 teriam um alcance de 11,5 mil km, enquanto o KN-14, de 10 mil km.
ICBM
Os mísseis balísticos intercontinentais são vistos com preocupação porque permitem a um país manejar um significativo poder de fogo contra um oponente do outro lado do planeta.
O único motivo para gastar dinheiro, tempo e esforço em construí-los é para poder usar armas nucleares. Durante a Guerra Fria, Rússia e Estados Unidos buscaram formas diferentes para proteger e lançar tais mísseis, que foram escondidos em silos, caminhões pesados e submarinos.
Todos os ICBMs seguem um modelo parecido. Os mísseis são alimentados por combustível sólido ou líquido, e saem da atmosfera rumo ao espaço.
A carga do projétil – normalmente uma bomba termonuclear – então entra novamente na atmosfera e explode ora acima ou diretamente sobre o seu alvo.
Alguns ICBMs consistem em “Mísseis de Reentrada Múltipla Independentemente Direcionados” (MIRV, na sigla em inglês).
Os MIRVs são projéteis lançados em terra ou mar (de um submarino) o qual, após ativar sua pós-combustão e deixar a atmosfera, fragmentam-se em diversas partes com orientação independente, atingindo múltiplos alvos e causando maior impacto pela alta velocidade atingida, confundindo os sistemas de defesa.
Durante a Guerra Fria, o alcance e o potencial de destruição dos ICBMs foram considerados chave para o conceito de “Destruição mútua assegurada” (MAD, na sigla em inglês), doutrina de estratégia militar pela qual o uso maciço de armas nucleares por um dos lados acabaria por resultar na destruição de ambos – agressor e defensor.