Quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de julho de 2018
O presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira (30) que os pré-candidatos à Presidência devem refletir mais sobre os temas do País antes de propor “barbaridades” na campanha.
Ele deu a declaração durante encontro com empresários, em São Paulo, ao falar a respeito de propostas na campanha sobre a revisão de bandeiras de seu governo, como o teto de gastos públicos e a reforma trabalhista.
No evento, Temer disse, sem citar nomes, que leu um artigo de um pré-candidato com essas sugestões e ficou tentado a responder. Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Lula (PT) estão entre os que defendem a revogação de medidas do governo.
Ele defendeu diálogo com a sociedade e com o Congresso e afirmou: “Isso eu digo para que os nossos pré-candidatos ouçam e se conscientizem disso para não dizerem, muitas vezes, barbaridades.”
Ele também defendeu medidas de seu governo na economia e disse ter concepção “radicalmente oposta” à gestão anterior, de Dilma Rousseff. Ele fez referência à petista também ao falar que governantes que tentaram governar sem o Congresso “não foram adiante”.
“O meu maior desejo nesse momento é que não venham a cortar aquilo que já foi começado, ainda insuficiente. Nós precisamos continuar”, afirmou.
Temer criticou ainda o que chamou de radicalismo na política e disse que é preciso buscar mais consenso. Disse que nenhum eleito terá como governar sem discutir a reforma da Previdência.
“Há um radicalismo tão grande. Eu muito recentemente escrevi um artigo, que vou mandar publicar, fazendo uma recomendação aos candidatos à Presidência da República: o que nós mais precisamos é concórdia. Instituiu-se nesses últimos anos um sistema de discórdia, de ódio.
Na semana passada, em viagem à África, o presidente reafirmou que seu partido, o MDB, terá candidato próprio, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. A convenção para oficializar a campanha dele será no próximo sábado (4).
Rotulagem de alimentos
No mesmo evento o presidente Michel Temer manifestou contrariedade com uma proposta de rotular alimentos industrializados como forma de alertar para alta concentração de açúcar, sódio ou gorduras saturadas.
Ao participar do evento, Temer ouviu críticas a essa iniciativa feitas por Wilson Mello, presidente do conselho da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação. Melo disse em discurso que a ideia de colocar triângulos nas embalagens associaria os produtos a um perigo à saúde.
Temer, em sua fala, convocou o empresário para uma reunião na próxima quarta-feira em Brasília e pediu cautela nessa discussão.
“É importantíssimo. Essa coisa do triângulo, que você [Melo] mencionou, que é sinal de perigo, se não tomar cuidado daqui a pouco bota tarja preta no alimento. Vai prejudicar o setor.”
A proposta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é incluir nas embalagens uma advertência sobre a presença de alto teor de açúcar, gorduras saturadas e sódio. Um grupo de trabalho da agência constatou que o consumidor tem dificuldades para entender informações hoje presentes nos rótulos.
A proposta é inspirada em normas estabelecidas em outros países, como o Chile, que tornou obrigatórios, por exemplo, octógonos pretos informando o alto teor açúcar nas embalagens.
Mello havia dito em seu discurso que essa iniciativa pode causar desemprego na indústria da alimentação, “que é responsável por 10% do PIB brasileiro”.
“Tudo passa por uma escolha que Vossa Excelência [Temer] tomará, que é a escolha do novo presidente da Anvisa. Isso acontecerá nos próximos meses. Nosso único pedido é que seja alguém que continue dialogando com a indústria”, disse Mello.
O representante do setor classificou a iniciativa como desproporcional e disse que detratores “criminalizam” essa indústria.