Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 6 de outubro de 2020
Orçada em R$ 552,86, a cesta básica ficou 4,59% mais cara em Porto Alegre ao longo de setembro, conforme o levantamento periódico de preços realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Os dados foram divulgados nesta terça-feira (6) e classificam a cidade em quarto lugar no ranking de maiores valores dentre 17 capitais pesquisadas.
O resultado na capital gaúcha teve como itens de maior influência no nono mês do ano o tomate (29,1%), arroz (19,7%), óleo de soja (19,4%), banana (17,7%), feijão (4,9%), manteiga (3,8%), o leite (2,9%), café (2,4%), farinha de trigo (2,05%) e açúcar (0,39%). Na média nacional, porém, o óleo de soja e o arroz “agulhinha” foram os produtos que mais subiram de preço, com alta em todos os locais.
Já a batata apresentou a segunda baixa mensal consecutiva no preço ao consumidor gaúcho (-22,11%). Os degraus seguintes nesse mesmo pódium foram ocupados pela carne bovina de primeira (-0,49%, única redução verificada dentre as 17 capitais avaliadas) e pelo pão (-0,32%).
Cenário nacional
No topo da lista de capitais com maior valor pago pela cesta básica aparece Florianópolis (SC) com R$ 582,40, seguida pelo Rio de Janeiro com R$ 563,75 e São Paulo com R$ 563,35. Já o kit mais barato foi o da cidade de Natal (RN): R$ 422,31.
A capital catarinense também encabeça o ranking no que se refere ao índice de aumento, com 9,8% no mês passado. Salvador (BA) é a vice-líder, com 9,7%, tendo na terceira posição Aracaju (SE), com 7,13%. Porto Alegre, com 4,59%, ficou em nono. As menores variações, por sua vez, foram constatadas pelo Dieese em Campo Grande (MS) com 1,72%), Natal (RN) com 0,68% e Brasília (DF) com 0,56%.
Impacto na renda
Ainda conforme o Dieese, se for tomado como exemplo o preço mais caro (em Florianópolis) em setembro, a aquisição da cesta básica custou 51,2% do salário-mínimo em valor líquido (descontada a contribuição previdenciária de 7,5%). Em agosto, esse impacto foi de 48,8%.
Pelos cálculos da instituição, isso significa que o tempo médio de trabalho necessário para que um brasileiro adquira o kit de produtos básicos passou de 99 horas e 24 minutos em agosto para 104 horas e 14 minutos em setembro.
O Departamento Intersindical estima que, em um cenário ideal, o salário-mínimo seria de R$ 4.892 para garantir o sustento de uma família com quatro integrantes. O atual valor, entretanto, é quase cinco vezes menor: R$ 1.045. Esses e outros dados podem ser conferidos no site www.dieese.org.br.
Histórico da pesquisa
Identificado pela sigla PCNBA (Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos), o levantamento contínuo do Dieese abrange um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais. O estudo foi implantado em 1959 na cidade de São Paulo, a partir dos preços coletados para o cálculo do ICV (Índice de Custo de Vida) e ampliado para um total de 17 das 27 capitais ao longo dos anos.
Os itens básicos pesquisados foram definidos por um decreto de 1938, que regulamentou o salário-mínimo no Brasil e continua vigente. A determinação é de que a cesta seja composta por 13 produtos alimentícios e em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta.
A composição da cesta e as quantidades de cada alimento são diferenciados por região, de acordo com os hábitos alimentares locais. “Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no País”, ressalta o site do Dieese.
(Marcello Campos)