Segunda-feira, 19 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de janeiro de 2021
A Polícia Civil do Distrito Federal, em conjunto com o Exército Brasileiro e o MPM (Ministério Público Militar), deflagrou nesta terça-feira (26) a Operação Cricket para combater integrantes de uma quadrilha especializada em fraudar documentos de posse e porte de arma de fogo, o CAC (Certificado de Registro de Arma de Fogo a Caçadores). Ao menos nove pessoas (três cabos do Exército, dois militares da reserva e quatro civis) foram presas, sendo seis por mandado de prisão e três em flagrante por posse de arma de fogo. Também foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão.
As investigações duraram seis meses e mostraram a atuação de um grupo criminoso organizado, baseado em Brasília e voltado, há dois anos, à posse, porte e comércio ilegais de arma de fogo.
Participaram da operação 150 policiais civis e 15 militares da PE (Polícia do Exército). As medidas foram cumpridas nas cidades satélites de Samambaia, Ceilândia, Riacho Fundo, Planaltina, Cidade Estrutural, Núcleo Bandeirantes e Gama, todas no Distrito Federal, e em Luziânia, em Goiás.. Foram apreendidas 70 armas de fogo, entre fuzis e pistolas de grosso calibre, e milhares de cartuchos. Equipamentos como silenciadores e carregadores também foram recolhidos.
“Com base nos elementos de informação colhidos até o presente momento, restaram evidenciados fortes indícios de que militares da ativa do Exército Brasileiro, integrantes do Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados de algumas Organizações Militares vinculadas à 11ª Região Militar, associados a vários despachantes, além de colecionadores, atiradores e caçadores (CAC), faziam a inserção de dados e informações falsos no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas – SIGMA, mediante pagamento de vantagens ilícitas, com o intuito de propiciar a concessão/revalidação de Certificados de Registros (CR), o cadastramento de armas de fogo, a concessão de Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF), decorrentes de supostas aquisições/transferências para pessoas que não preencheriam os requisitos legais”, informou o MPM.
“De acordo com o apurado, dezenas de pessoas possuem envolvimento com este suposto grupo criminoso criado para ludibriar a Administração Militar, especialmente o Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados, com o fim de facilitar a comercialização clandestina de armas de fogo e munições no Distrito Federal e no Estado de Goiás, praticar outros crimes previstos na Lei 10.826/03, crimes ambientais, entre outros.”
Ainda segundo o MPM, o esquema fraudulento “envolvia uma cadeia formada: pelos militares e despachantes, responsáveis inserir os dados falsos no sistema de fiscalização de Produtos Controlados pra concessão do registro aos CAC; os armeiros, que modificavam o armamento adquirido pelo grupo criminoso; os fraudadores, que forneciam certificados falsos de prática de tiros e exame de conhecimento para supostos caçadores, atiradores e colecionadores; os negociantes, responsáveis por vender e repassar, de forma ilegal, os armamentos adquiridos pela organização criminosa e os próprios colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs), que obtinham autorização fraudulenta para possuir, portar e comercializar armas. Ressalte-se que também são investigados os compradores das armas adquiridas desse grupo”. As informações são da Polícia Civil do Distrito Federal e do MPM.