Domingo, 08 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2021
O objetivo da Nasa de enviar astronautas americanos de volta à lua até 2024 não é viável por causa dos atrasos significativos no desenvolvimento de trajes espaciais. A informação é de um novo relatório do inspetor geral da Nasa, Paul K. Martin.
Mesmo que a Nasa tenha investido mais de um bilhão de dólares em trajes espaciais de última geração, Martin concluiu que “os trajes não estariam prontos para missões até abril de 2025, no mínimo” e estão “a anos de serem concluídos”.
O relatório atribui os atrasos a déficits de financiamento, impactos da Covid-19 e desafios técnicos. Atualmente, são 27 empresas fornecedoras de diversos componentes para os trajes. Elon Musk, da SpaceX, disse em publicação no Twitter que o relatório faz com que pareça “muitos cozinheiros em uma só cozinha”, acrescentando que “a SpaceX poderia fazer isso se necessário”.
A SpaceX ganhou um contrato de US $ 2,9 bilhões da Nasa (cerca de R$ 15 bilhões) em abril para desenvolver o módulo lunar para o programa Artemis. Mas a adjudicação desse contrato foi atrasada devido a um protesto de dois concorrentes, Blue Origin e Dynetics.
O inspetor geral disse que esses protestos, combinados com atrasos no Sistema de Lançamento Espacial da Nasa e na Cápsula Orion, também contribuíram para a incapacidade da Nasa de cumprir sua meta de aterrissar na lua em 2024. Os problemas resultaram em cerca de 20 meses de atraso no cronograma de entrega dos trajes, de acordo com o relatório.
O atual administrador da Nasa, Bill Nelson, abordou a questão durante uma recente entrevista com a jornalista Rachel Crane da CNN.
“Eu sou sobriamente realista. A meta é 2024, mas o espaço é difícil. E sabemos que quando você está extrapolando o limite, muitas vezes há atrasos. Há um fator número 1 que é a segurança, e isso envolve humanos. Pode haver um atraso, mas a meta é o final de 2024″.
A ex-administradora adjunta da Nasa, Lori Garver, já havia criticado a estimativa de 2024 e comparou o programa de Artemis à parábola do imperador sem roupas.
Em resposta ao lançamento do relatório, Garver disse à CNN: “Infelizmente, não acho que o imperador tenha muitas roupas sob o traje espacial também”.
Uma auditoria foi realizada entre agosto de 2020 e julho de 2021 para examinar o desenvolvimento dos trajes espaciais de próxima geração da Nasa necessários para as missões da Estação Espacial Internacional (EEI) e Artemis que levarão os humanos de volta à lua no final desta década.
O desenvolvimento de novos trajes espaciais é crítico para “levar os humanos de volta à lua, continuar as operações seguras na Estação Espacial Internacional e explorar Marte e outros locais do espaço profundo”, de acordo com o relatório.
Essas unidades de mobilidade extraveicular, ou EMUs na sigla em inglês, incluem o traje espacial e o hardware que os astronautas usam para se conectar à Estação Espacial Internacional e outras espaçonaves.
“Atualmente, os astronautas usam EMUs projetados 45 anos atrás para o Programa de Ônibus Espaciais e contam com esses trajes espaciais reformados e parcialmente redesenhados para atividades extraveiculares na Estação Espacial Internacional”, de acordo com o relatório.
O desenvolvimento de uma nova tecnologia de traje espacial está em andamento na Nasa nos últimos 14 anos. Há cinco anos, começaram os trabalhos nas Unidades de Mobilidade Extraveicular de Exploração, ou projeto xEMU, na sigla em inglês. Dois xEMUs prontos para voo, bem como um traje de teste e um traje de demonstração para a Estação Espacial Internacional, também são necessários antes deste histórico pouso lunar.
O relatório ressaltou que a falha na conclusão dos trajes antes da missão planejada de novembro de 2024, conhecida como Artemis III, não é o único fator que afeta o cronograma.