Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2022
O compromisso firmado entre o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o WhatsApp de implementar novos recursos no aplicativo no Brasil apenas após as eleições de outubro virou alvo de ataques por Jair Bolsonaro. Durante evento na sexta-feira, o presidente chamou a decisão de “inaceitável” e afirmou que ela não será cumprida. Já neste sábado, o presidente afirmou à CNN que pediu ao ministro das Comunicações, Fábio Faria, para que também se reúna com os representantes do WhatsApp no Brasil. “Se ele [WhatsApp] pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também, por que não?”, afirmou.
O acordo foi realizado em janeiro durante uma reunião entre o então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso (hoje Edson Fachin comanda a Corte), e o chefe internacional do WhatsApp, Will Cathcart, para debater as ações que serão implementadas pelo aplicativo de mensagens para combater notícias falsas e apoiar o processo eleitoral no Brasil neste ano.
A principal mudança anunciada pela empresa, que já será implementada em diferentes países, é a incorporação na plataforma da funcionalidade Comunidades, que permite a criação de subgrupos dentro de um grupo principal, para a discussão de diferentes temas. O usuário, ao ingressar em uma comunidade, poderá ver quais temas estão sendo abordados nas diferentes salas de bate-papo, escolhendo em qual quer ingressar. Os administradores dos grupos terão o poder de aceitar e excluir participantes das diferentes conversas e poderão também enviar avisos a todos os usuários.
A empresa ainda não anunciou o limite que cada grupo terá de participantes nem quantidade máxima de subgrupos que poderão ser criados. Atualmente, é possível ter até 256 membros em cada grupo.
Bolsonaro, ao participar de um passeio de moto com apoiadores em São Paulo, parou para falar com outros motociclistas e afirmou que o acordo do WhatsApp com o TSE “não será cumprido”. “E já adianto. Isso que o WhatsApp está fazendo no mundo todo, sem problema. Agora, abrir uma excepcionalidade para o Brasil, isso é inadmissível, inaceitável, e não vai ser cumprido, este acordo que por ventura eles realmente tenham feito com o Brasil, com informações que eu tenho até o presente momento”, declarou.
Bolsonaro também chamou a decisão de prorrogar a implantação das novas funcionalidades de “censura”. “O WhatsApp passa a ter uma nova política para o mundo, mas uma especial para o Brasil. Censura, discriminação, isso não existe. Ninguém tira o direito de vocês, nem por lei, quem dirá por um acordo”, declarou.
Bolsonaro não deu detalhes de como pode “descumprir” uma decisão firmada por uma empresa privada. O WhatsApp integra o Programa de Enfrentamento à Desinformação da Justiça Eleitoral, junto de outras empresas como Google, Twitter e Facebook. A iniciativa tem como foco a educação midiática, identificação e checagem de informações, aperfeiçoamento de recursos tecnológicos e outras medidas para tentar frear a disseminação de mentiras e ataques virtuais na eleição de outubro.
Em janeiro, especialistas brasileiros demonstraram preocupação acerca da nova funcionalidade, ao serem procurados pela empresa, no mês anterior, para uma pesquisa de mercado, de acordo com o jornal O Globo. Segundo eles, o Comunidades pode turbinar a disseminação de notícias falsas e ataques virtuais, já que o aplicativo está presente em 99% dos smartphones no Brasil, segundo levantamento da Opinion Box, e figura como principal fonte de informação dos brasileiros, de acordo com pesquisa realizada pelo Congresso em 2019.
Confira as principais mudanças previstas:
– Comunidades: a ferramenta vai permitir a criação de subgrupos sobre diferentes temas, dentro de um mesmo grupo, como um guarda-chuva. O usuário poderá escolher em quais comunidades quer ingressar e de quais subconversas quer participar;
– Reações: o WhatsApp terá emojis para que as pessoas possam expressar opiniões rapidamente, sem precisar inundar as conversas com novas mensagens;
– Mensagens apagadas: os administradores de grupos poderão apagar mensagens que desejarem para todos os participantes;
– Compartilhamento: Aumento do limite do compartilhamento de arquivos para até 2 GB, para que as pessoas possam colaborar facilmente em projetos;
– Chamadas de voz: Poderão ser feitas chamadas de voz com até 32 pessoas, que poderão entrar com apenas um toque, e que contarão com um design totalmente novo. As informações são do jornal O Globo.