Segunda-feira, 21 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2022
O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra ganhou milhares de seguidores nas redes sociais após ser preso em flagrante nesta segunda-feira (11) pelo crime de estupro de uma gestante durante uma cesariana. Antes da prisão, o seu perfil no Instagram tinha 365 seguidores, logo após a divulgação do caso, chegou à marca de 11 mil em poucas horas.
Além do crescimento do perfil oficial, pessoas também têm criado perfis falsos na tentativa de viralizar em cima do caso. Nas redes sociais, outros usuários manifestaram sua indignação sobre o caso.
Na primeira postagem de seu perfil, Giovanni conta que desde pequeno sempre sonhou em ser médico, e que a página serviria para “mostrar algumas experiências na vida e o dia a dia do médico anestesista e desmistificar que anestesia é ruim ou assustadora e mostrar o papel importante dentro da equipe cirúrgica”.
Prisão
Policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, na região metropolitana do Rio de Janeiro, prenderam na madrugada desta segunda-feira o médico, autuado em flagrante por estupro de uma grávida em trabalho de parto no Hospital da Mulher, em Vilas dos Teles.
O anestesista foi filmado por enfermeiras da unidade hospitalar enquanto abusava de uma paciente dopada que passava por uma cesárea. Desconfiadas do comportamento do médico, as funcionárias esconderam um celular na sala de parto e flagraram o abuso.
As imagens mostram o anestesista ao lado da paciente, que está dopada. Enquanto a equipe cirúrgica se prepara para começar a cesariana, Quintella tira o pênis da calça e o coloca na boca da grávida.
A gravação foi feita na noite de domingo (10). A investigação foi conduzida pela delegada Bárbara Lomba, titular da Deam de São João de Meriti.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu um processo administrativo para expulsar o médico. Ele foi indiciado por estupro de vulnerável, com pena que varia de 8 a 15 anos de reclusão.
Em nota, a Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Saúde, responsáveis pelo Hospital da Mulher de Vilar dos Teles, dizem que será aberta uma sindicância interna para tomar as medidas cabíveis contra o médico.
“A equipe do Hospital da Mulher está prestando todo apoio à vítima e à sua família. Esse comportamento, além de merecer nosso repúdio, constitui-se em crime, que deve ser punido de acordo com a legislação em vigor”, dizem.
A delegada Bárbara Lomba classificou o caso como “estarrecedor e inacreditável”, apesar da “experiência com condutas violentas”. Antes de ser detido, Bezerra já havia feito duas outras cirurgias no mesmo dia. A última, em que ele foi gravado, aconteceu às 16h. As únicas palavras de Bezerra foram: “Eu destratei alguém? Se sim, chama que eu peço desculpas”.
A Polícia Civil acredita que Bezerra tenha feito ainda mais vítimas. Formado há cerca de cinco anos, o acusado era anestesista há três anos (período em que cursou a especialização, concluída há quatro meses) e, atualmente, trabalha em cerca de 10 unidades de saúde. Na Deam, ele se recusou a prestar depoimento, segundo a delegada Bárbara Lomba.
“É de se destacar o profissionalismo da enfermagem e o papel exemplar desses funcionários do Hospital da Mulher. Eles são dignos de serem servidores públicos. Eles coletaram as provas. Fomos acionados pela direção do hospital, entrevistamos as pessoas e arrecadamos as provas”, disse Bárbara Lomba, que completa: “Ele foi preso em flagrante por estupro de vulnerável em flagrante. Demos a voz de prisão. Desde quando a direção do Hospital soube, ele foi separado e não fez mais cirurgias.”
“Eu tenho uma certa experiência com condutas violentas. Mas é estarrecedor e inacreditável. É gravíssimo um profissional que deveria estar cuidando do paciente, totalmente vulnerável num momento tão importante da vida, num Hospital da Mulher. Todos os profissionais sabem das violências que sofremos e ele faz esse crime hediondo. É repugnante”, pontuou a delegada.
O advogado Hugo Novais, que defende Giovanni, afirmou que “ainda não obteve acesso à íntegra dos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante a lavratura do auto de prisão em flagrante”. Ainda de acordo com a defesa, “após ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação realizada em desfavor do anestesista”. As informações são dos jornais Estado de Minas, O Estado de S. Paulo e O Globo.