Sábado, 19 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2022
Exibida pela plataforma por assinatura Netflix, a série “A Garota Desaparecida do Vaticano” voltou a colocar sob holofotes o caso da italiana Emanuela Orlandi, que desapareceu na Santa Sé aos 15 anos, no dia 22 de junho de 1983. O que aconteceu com ela permanece uma incógnita até hoje.
Ao longo dos episódios, o incidente é reapresentado com destaque para diversos aspectos, incluindo inúmeras pistas falsas, jogos-de-cena e confusões que marcaram a investigação do sumiço. Presentes constantemente nas imagens e nas narrações estão o irmão da jovem, Pietro Orlandi, e o repórter Andrea Purgatori, do jornal “Corriere della Sera”.
Com a exibição, os cartazes com o rosto de Emanuela voltaram a ser vistos nas ruas da capital italiana Roma. E as dúvidas sobre o que de fato ocorreu voltaram à tona.
O líder do partido Ação, Carlo Calenda, por sua vez, assistiu o documentário e declarou: “Está claro que o Vaticano sabe perfeitamente o que aconteceu a essa pobre moça”. Por isso, ele disse que pedirá esclarecimentos ao Ministério das Relações Exteriores do país europeu para que a Santa Sé seja pressionada para “revelar a verdade”.
A mãe de Emanuela relatou que na manhã seguinte à denúncia que fez do desaparecimento, policiais disseram a ela: “Não se preocupe, ela nem é uma moça bonita, então deve ter sido um afastamento voluntário… Ela não foi raptada por ninguém”.
Relato do irmão
Durante seus depoimentos nos quatro episódios, o irmão Pietro conta a sua versão. Enquanto a mãe preparava pizza e fazia uma sopa, Emanuela – que tocava flauta e piano e estudava canto – pediu para que ele a acompanhasse até a escola de música, onde se prepararia para uma apresentação.
Por preguiça, o rapazinho não quis acompanhá-la – algo que sente remorso até hoje. “Era uma cidadã vaticana, que vivia no interior do Vaticano, que é como uma monarquia na qual o papa é um rei. Os laicos que vivem ali são apenas umas centenas”.
Depois de ir para a aula de música, Emanuela deu um último telefonema às 17h, no qual disse ter encontrado com uma representante que vendia produtos da marca de cosméticos Avon. Cerca de duas horas depois, ela não apareceu para um jantar que tinha marcado com uma das irmãs.
Às 21h, as buscas começaram e à meia-noite a entrada do Vaticano foi fechada. Desde então, começou a infinita luta da família para tentar saber a verdade. Também nesse dia, Purgatori começou a investigação jornalística.
Apenas no dia 3 de julho, o então papa João Paulo II se manifestou sobre o caso e disse que estava “próximo à família Orlandi na aflição pela filha Emanuela, 15 anos, que desde o dia 22 de junho não voltava para casa”.