Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2024
Abuso de crianças, mortes e danos psicológicos: o que o Senado dos Estados Unidos discute sobre a responsabilização das big techs? Durante audiência, Mark Zuckerberg, pressionado pelos senadores, voltou-se aos pais de crianças afetadas por conteúdos de exploração sexual infantil disponibilizados nas redes sociais e pediu desculpas.
“Desculpe por tudo que vocês passaram. Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram.”
A audiência havia começado com com a exibição de um vídeo em que jovens relataram que foram vítimas de crimes sexuais nas redes sociais. E de familiares que falaram sobre a perda de seus filhos e ergueram, silenciosamente, fotos de crianças e adolescentes.
Questionado pelo senador republicano Josh Hawley, Zuckerberg levantou e falou com famílias que seguravam imagens de seus filhos que, segundo elas, foram prejudicados pelas redes sociais. Após o começo da audiência, o comitê exibiu um vídeo em que crianças falavam sobre suas experiências sofrendo bullying nas redes sociais.
Senadores também contaram histórias de pessoas jovens que tiraram a própria vida depois de serem extorquidas por dinheiro após compartilharem fotos com predadores sexuais.
“Você gostaria agora de pedir desculpas às vítimas que foram prejudicadas pelo seu produto?”, perguntou Hawley, mencionando que a audiência estava sendo transmitida ao vivo pela televisão. Zuckerberg levantou, se virou e se dirigiu às famílias.
Hawley criticou Zuckerberg agressivamente durante uma discussão acalorada. “Seu produto está matando pessoas”, pontuou Hawley a Zuckerberg, cuja empresa é dona das plataformas de redes sociais Facebook e Instagram.
Desculpas “não mudam muito”
Em entrevista, Kelli Angelini, advogada especialista em educação digital e autora do livro “Segredos da internet que crianças e adolescentes ainda são sabem”, diz acreditar que o pedido de desculpas de Zuckerberg “não muda muito o que está por vir”.
“Não é possível saber qual é a intenção efetiva do pedido de desculpas. Se há realmente uma empatia com as famílias que tiveram vítimas, se tem alguma intenção por trás de diminuir a responsabilização ou legislação que vem a responsabilizar.”
Mas que “escancarar” o que está acontecendo com crianças e adolescentes em redes sociais em audiências como essa, nos EUA, alimenta o debate e as discussões sobre o assunto no mundo, inclusive no Brasil.
“A gente ainda não tem legislações que tratem efetivamente da responsabilização das plataformas digital de um modo geral, especialmente no Brasil, mas o assunto está em debate mundial. […] O que se pede hoje é a adoção de medidas para proteção dessas crianças e adolescentes e quando não adotadas, que elas sejam responsabilizadas pela omissão.”
Para Angelini, é preciso tratar do desamparo de crianças e adolescentes nas redes sociais para que elas estejam efetivamente protegidas de danos à saúde mental e à vida.
“Hoje, o cenário é o seguinte: elas [big techs] estão lucrando com as crianças e adolescentes no uso das redes sociais, É lucrativo para ela.”