Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de fevereiro de 2024
Parlamentares do PL classificaram como “perseguição política” a operação da Polícia Federal deflagrada na quinta-feira (8) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, e a prisão do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Correligionários de Bolsonaro adotaram o discurso de que a ação da PF tem como objetivo esvaziar a base de apoio do ex-presidente e isolar o PL a oito meses das eleições municipais, para impedir o crescimento da sigla nas urnas. Valdemar foi libertado nesse sábado (10) por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
O partido planeja triplicar o número de prefeituras eleitas e passar dos mil municípios comandados pela sigla. Entre dirigentes da sigla, há o temor de que a prisão de Valdemar e a ação contra aliados do Bolsonaro prejudiquem o partido a poucos meses das eleições, em um momento de definição da estratégia eleitoral nas cidades.
A operação da Polícia Federal já se transformou em munição eleitoral contra pré-candidatos do PL e aliados de Bolsonaro. Adversários do bolsonarismo exploraram politicamente os mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente e aliados, que são investigados pela tentativa de golpe de Estado e de invalidar as eleições de 2022.
O deputado e segundo vice-presidente da Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que a ação contra Bolsonaro e aliados é uma “perseguição” e um “conluio”. “Querem inviabilizar, acabar com a oposição. É uma ditadura total”, afirmou. Para o parlamentar, a ação contra o PL e o ex-presidente seria supostamente “comandada pela esquerda” junto com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A Operação “Tempus Veritatis”, deflagrada na quinta, foi autorizada pelo ministro no âmbito do inquérito que apura a atuação de milícias digitais. Ela teve como base provas colhidas ao longo de meses, que corroboram a delação do coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro.
“Falam de um golpe de Estado que nunca aconteceu. De uma Abin paralela que não existiu. Eles [PF] invadem as nossas casas, mas nunca acham nada. Nunca tem mala de dinheiro, dinheiro da cueca. Fica cada vez mais claro e nítido que é uma perseguição do atual governo, associado com Moraes, ao Bolsonaro”, disse o aliado do ex-presidente.
A prisão do presidente do PL, no entanto, se deu devido à apreensão de uma arma que não estava registrada em nome de Valdemar. Também foi encontrada uma pepita de ouro. Em nota, a defesa dele afirma que a arma estava registrada em nome de um parente e que havia sido esquecida “há vários anos” no apartamento de Valdemar.
Investida contra o PL
O pedido feito nesta quinta-feira pelo senador Humberto Costa (PT-PE) à Procuradoria-Geral da República (PGR) de abertura de investigações contra o PL e de uma ação para cassar o registro da sigla reforçaram o discurso de bolsonaristas de que o partido tem sido perseguido pelo governo a poucos meses da eleição. Costa comanda no PT o grupo de estratégia eleitoral petista.
“Está ficando cada vez mais escancarado o plano do consórcio. A cada medida autoritária, mais narrativas montadas para dizimar a oposição”, disse o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), alvo de uma operação da PF em janeiro.
Cerco fechado
Diferente das reações às operações contra Jordy e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), a ação contra Bolsonaro e aliados ainda está sendo digerida por pessoas próximas ao ex-presidente. Poucos aliados se pronunciaram publicamente. Lideranças do PL receberam a ação com preocupação e como um recado do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o “cerco está se fechando” contra o ex-presidente.
No plano federal, integrantes do PL avaliaram também que a ação da PF pode determinar a adesão integral dos partidos do Centrão à base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um movimento que representaria a fragilização de Bolsonaro. O eventual isolamento do PL como consequência da operação é classificado por integrantes da sigla como “um xeque-mate de Moraes que tende a favorecer o governo”, já que, na avaliação deles, “jogaria o Centrão na base governista” de Lula.
Fontes do PL descartam um eventual abandono de Bolsonaro e de seu entorno pela sigla.