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Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2024
A maioria republicana na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos conseguiu aprovar, por uma pequena margem, sua ambição de longa data de destituir o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, por sua suposta negligência no cumprimento do dever ao lidar com a fronteira com o México. Mas, salvo alguma surpresa, o gesto não terá consequências para o chefe da imigração americana: o impeachment agora vai para o Senado, onde não tem nenhuma perspectiva de sucesso, dado o controle do Partido Democrata sobre essa instituição.
Um total de 214 membros republicanos do Congresso votou a favor da destituição de Mayorkas sob a acusação de descumprimento do dever de proteger a fronteira e de violação da confiança pública ao fazer declarações falsas ao Congresso. Outros 213, toda a bancada democrata e os três republicanos que se juntaram a eles na votação da semana passada, votaram contra.
Mayorkas nega qualquer irregularidade e argumenta que os problemas na fronteira sul, onde em 2023 houve um número recorde de travessias irregulares do México para os Estados Unidos, se devem a um sistema de imigração herdado e cheio de problemas.
1ª vez em 150 anos
Na última semana, a oposição republicana bloqueou a aprovação de um projeto de lei de compromisso bipartidário que combinava a ajuda à Ucrânia e a Israel com a reforma da imigração que imporia um regime de controle de fronteira muito mais rígido. Os democratas acusaram os republicanos de terem vetado a medida porque queriam usar as questões de imigração como um tema de campanha neste ano eleitoral.
Essa foi a primeira vez em 150 anos que membros do Congresso votam a favor do impeachment de um membro do governo. A Constituição dos EUA prevê a destituição em casos de traição ou crimes igualmente graves.
Reação da Casa Branca
Imediatamente após o anúncio do resultado da votação, o presidente Joe Biden condenou a ação contra o membro de seu governo.
“A história não julgará gentilmente os republicanos na Câmara por esse ato petulante de partidarismo inconstitucional contra um honrado servidor público, a fim de bancar jogos políticos mesquinhos”, denunciou em um comunicado distribuído pela Casa Branca.
“Os mesmos republicanos que promoveram esse impeachment sem fundamento estão rejeitando os planos bipartidários que o secretário Mayorkas e outros em meu governo trabalharam arduamente para fortalecer a segurança na fronteira neste momento — e, assim, revertendo anos de suas próprias exigências para aprovar leis de imigração mais rígidas”, continuou Biden, referindo-se ao fracasso do projeto de lei na semana passada.
Ainda segundo Biden, “desistir de soluções reais quando elas são mais necessárias para fazer política não é o que o povo americano espera de seus líderes”.
Imigração em foco
O processo é mais um episódio do embate entre o governo de Joe Biden e a ala republicana mais próxima de Donald Trump. Os aliados do ex-presidente têm usado os números recordes de migrantes e a disrupção na fronteira sul como moeda de troca em negociações no Congresso.
A imigração se tornou uma das principais questões de campanha no período que antecede as eleições presidenciais de novembro próximo nos Estados Unidos, com o aumento do número de chegadas irregulares de migrantes. No ano passado, houve um recorde de 2,4 milhões de entradas ilegais, um aumento de 14% em relação ao ano anterior.