Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de abril de 2025
O governo do presidente Donald Trump já revogou mais de mil vistos de estudantes e recém-graduados internacionais em pelo menos 130 universidades dos Estados Unidos. Promovidas pelo governo Trump como parte de sua repressão à imigração, as revogações deixaram instituições em 40 estados sem explicações claras e estudantes em situação de incerteza.
Na Middle Tennessee State University, por exemplo, seis estudantes provenientes da Ásia, Europa e Oriente Médio tiveram seus vistos cancelados.
“A Universidade não sabe o(s) motivo(s) específico(s) para as mudanças no status do visto, apenas que elas foram alteradas no banco de dados federal que as monitora”, afirmou Jimmy Hart, porta-voz da instituição.
Segundo dados obtidos pela CNN, os cancelamentos foram registrados no Sistema de Informações de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVIS), utilizado pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) para monitorar estudantes estrangeiros.
Em todo o país, universidades relataram ter descoberto as revogações por meio do próprio sistema SEVIS, sem aviso prévio ou justificativas fornecidas pelo governo. Ainda segundo a CNN, não está claro se todos os estudantes cujos vistos foram cancelados precisam deixar o país imediatamente ou podem ficar para continuar seus estudos.
“Nas últimas semanas, o Departamento de Segurança Interna dos EUA revogou o visto de quatro estudantes internacionais da UO com base em acusações criminais não especificadas”, disse Eric Howald, porta-voz da Universidade do Oregon. A universidade, segundo ele, não foi informada com antecedência e não recebeu detalhes sobre a natureza das acusações criminais.
A Universidade da Califórnia, em Los Angeles, também confirmou que 12 de seus formandos foram atingidos pelas revogações. “Todas as revogações foram decorrentes de violações dos termos dos programas de visto dos indivíduos”, declarou o reitor Julio Frenk, em comunicado.
Processos contra Trump
Um processo federal foi aberto no Tribunal Distrital dos EUA no Norte da Geórgia, em Atlanta, para contestar as revogações e restabelecer os status legais dos estudantes afetados. A ação judicial, apresentada no último dia 11, envolve 133 estudantes estrangeiros de países como Índia, China, Colômbia, México e Japão.
“O ICE encerrou abrupta e ilegalmente o status legal dos estudantes nos Estados Unidos, (…) privando-os da capacidade de prosseguir seus estudos e manter empregos nos Estados Unidos, e colocando-os em risco de prisão, detenção e deportação”, diz a denúncia apresentada pelos advogados responsáveis pela ação.
Os estudantes não foram identificados nominalmente, sendo representados por pseudônimos “devido ao medo de retaliação por parte dos réus”. A ação judicial nomeia três autoridades do governo Trump como réus: a procuradora-geral Pam Bondi, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, e o diretor interino do ICE, Todd Lyons.
O que diz o governo
No final de março, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, justificou as revogações com base em comportamentos considerados inadequados, incluindo a participação em protestos, que, segundo ele, não serão tolerados.
“Eles estão aqui para assistir às aulas. Não estão aqui para liderar movimentos ativistas que são disruptivos e minam nossas universidades”, afirmou o secretário, acrescentando que mais de 300 vistos, “principalmente de estudante, alguns de visitantes, foram revogados”.
Ativista palestino
Entre os casos mais emblemáticos está o de Mahmoud Khalil, ativista palestino e estudante da Universidade Columbia, residente legal permanente nos EUA e casado com uma cidadã americana. Acusado sob a alegação de que suas “crenças e associações” seriam contrárias aos interesses da política externa americana, Khalil é um dos rostos mais proeminentes do movimento de protesto que eclodiu no ano passado contra a guerra de Israel em Gaza.