Segunda-feira, 19 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2025
Em Santa Catarina, a campanha de 2026 a governador se desenha com os dois principais candidatos tentando provar ao eleitor qual deles é o mais bolsonarista. Jorginho Mello (PL) deve disputar a reeleição e aparece como favorito nas pesquisas, seguido do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD). No partido de Jair Bolsonaro, existe uma oferta na mesa para que o prefeito saia da disputa e conte com o apoio do ex-presidente para uma das duas vagas ao Senado. Mas o grupo político mais próximo de Mello prefere o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD).
Dentro desse xadrez, e para embaralhar ainda mais o jogo à direita, Bolsonaro aposta em duas deputadas federais bolsonaristas: Júlia Zanatta e Caroline de Toni, ambas do PL. As duas adotam como bandeiras as pautas armamentista, de costumes e “antifeminista”. Para Bolsonaro, Zanatta e Caroline de Toni seriam os dois melhores nomes ao Senado, em uma chapa puro-sangue.
— Aqui em Santa Catarina, se colocar as duas, leva. E o Jorginho ganharia com chapa pura, como em 2022. A única aliança que o povo quer é a que vai retomar o equilíbrio dos Poderes e colocar um freio no STF — defende Zanatta.
Jorginho Mello, porém, resiste a entregar as duas vagas, pois lhe custaria um palanque para negociar a construção da aliança rumo a 2026, que já inclui o posto da vice, hoje ocupado por Marilisa Boehm (PL). Já o PSD mira em Zanatta e tem investido em sua filiação ou mesmo em sua migração para o Novo ou o União Brasil. A parlamentar, porém, diz que não pretende sair do PL e recusou a oferta.
Ex-aluna de Olavo de Carvalho, que foi um dos gurus do bolsonarismo, Caroline presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Zanatta é ligada ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), frequenta clubes de tiro, já foi acionada pelo PSOL no Conselho de Ética ao fazer referência a Lula numa foto com uma metralhadora e criticou publicamente Mello por sua aproximação com a “velha guarda” da política catarinense.
Na hipótese de o PSD abandonar a disputa ao governo e Rodrigues concordar em sair para o Senado, segundo um interlocutor, o fato de Caroline de Toni ser justamente de Chapecó, município governado por Rodrigues, poderia inclinar o PL a apostar em Zanatta, que é de Criciúma, outro colégio eleitoral importante.
— No PL, sou a primeira da fila. De minha parte, não teria problema nenhum se fosse eu e o Rodrigues ao Senado. O outro candidato quem vai escolher é o governador — rebateu de Toni, argumentando que conta com apelo eleitoral em todo o estado, não apenas em seu território de origem.
Reduto da direita
O favoritismo da direita no estado se explica pela eleição geral passada, em que Bolsonaro teve 70% dos votos válidos em Santa Catarina contra Lula (PT) no segundo turno. Mello conquistou percentual praticamente idêntico contra o petista Décio Lima.
Do lado do prefeito de Chapecó, acredita-se ainda que a nova federação entre Progressistas e União Brasil poderia se interessar pela candidatura à direita contra Mello. Um de seus nomes é o senador Esperidião Amin (PP), que, aos 77 anos, deve disputar novo mandato.
Seja qual for o desenho do acordo, aliados confiam que um acerto com o PSD deixaria Mello em condição de “vencer por WO”. A leitura do flanco conservador é que a esquerda, em Santa Catarina, por não ter força para levar o governo, deve lançar seu nome mais competitivo ao Senado. Trata-se do presidente do Sebrae, Décio Lima (PT), que conseguiu chegar ao segundo turno da eleição passada para o governo com apoio do presidente Lula, mas passou longe da vitória.
Ao menos por ora, a direção estadual do PSD, presidida pelo secretário da Casa Civil do prefeito chapecoense, Eron Giordani, garante que Rodrigues será sim candidato contra Mello. A decisão, contudo, passa pelo presidente nacional, Gilberto Kassab, que já foi procurado por Mello.
— Eu sou raiz, venho lá de trás, disputei pelo PFL minha primeira eleição contra o PT. Bolsonaro é meu amigo pessoal, estivemos no mesmo lado na Câmara. Ser de direita não é fazer vídeo e tirar foto, é ter atitude — disse Rodrigues.
Mello tem sido um dos políticos mais vocais na defesa de Bolsonaro. Além de participar de quase todas as manifestações convocadas pelo ex-presidente. Procurados, Décio e Amin não se manifestaram. As informações são do portal O Globo.