Terça-feira, 20 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2025
Aplaudido de pé por vários minutos após a exibição de estreia, no domingo (18), no Festival de Cannes, “O Agente Secreto”, do diretor Kleber Mendonça Filho, entrou na briga pela Palma de Ouro. Embalado por um cortejo carnavalesco que acompanhou diretor e elenco na chegada ao tapete vermelho, o longa-metragem despontou com força no festival, que, após uma semana de exibições, ainda não tem favoritos na disputa pelo prêmio máximo da 78ª edição.
Sob impacto da acolhida da plateia ao término da sessão de estreia, os membros do elenco – Wagner Moura, Maria Fernanda Cândido e Gabriel Leone entre eles – se abraçaram, e o diretor fez um discurso de agradecimento, lembrando os integrantes da equipe que não estavam presentes.
“Foi uma grande experiência ter feito O Agente Secreto. Queria agradecer a todos os atores e a toda a equipe técnica. Também estou feliz de estar aqui hoje. Muito obrigado”, disse Mendonça Filho.
Os brasileiros atravessaram a Croisette acompanhados de uma fanfarra, levando um estandarte em homenagem ao filme. Ao som de frevo e clássicos da MPB, pisaram no tapete vermelho do Grand Théâtre Lumière ao som de O Que Será (A Flor Da Terra), de Chico Buarque e Milton Nascimento. Outros artistas brasileiros como Camila Pitanga e Bárbara Paz acompanharam o cortejo.
O Agente Secreto é o terceiro longa de Mendonça Filho na disputa pela Palma de Ouro: em 2016, ele participou com Aquarius e, em 2019, com Bacurau, codirigido por Juliano Dornelles e que saiu de Cannes com o prêmio do júri. Em 2023, seu documentário Retratos Fantasmas passou nas Sessões Especiais, fora de competição.
Segundo a sinopse oficial, O Agente Secreto é um thriller ambientado no Brasil de 1977. Na trama, Marcelo (Wagner Moura) é um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz. Ele logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura (mais informações abaixo).
Também estão no elenco, além de Leone e Maria Fernanda, Udo Kier, Hermila Guedes, Thomás Aquino, Alice Carvalho e Edilson Filho. O longa é uma coprodução Brasil (CinemaScópio Produções), França (MK Productions), Holanda (Lemming) e Alemanha (One Two Films) e terá distribuição da Vitrine Filmes no Brasil.
Ao Estadão, Mendonça Filho contou que a construção da obra teve início com memórias pessoais. O ano da trama, 1977, é o primeiro em que o cineasta recorda ter lembranças da infância. Segundo ele, o filme “é um exercício de narração histórica” muito real e realista, “mas ao mesmo tempo muito pessoal, com espaços para a sensação de uma poesia”.
“A poesia vem com as memórias. E o Brasil é uma cultura muito rica em poesia, porque nosso país tem um lado absurdo. E isso sempre me interessa em fazer filmes no Brasil. Todos os meus filmes têm um lado que as pessoas dizem que é absurdo, mas não é absurdo, isso é a verdade. Isso acontece. Essa é a lógica da nossa cultura”, disse o cineasta pernambucano. “E eu acho que vem muito de memórias pessoais minhas, porque 1977 é talvez o primeiro ano que eu lembro. Eu tinha 9 anos em 1977. E eu juntei sentimentos suficientes para me colocar na posição de sentar e escrever um roteiro.”
Pouco antes da estreia, Wagner Moura resumiu com entusiasmo sua participação em O Agente Secreto: “Foi uma das melhores experiências que eu tive na minha vida como ator, como artista”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.