Quarta-feira, 28 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de maio de 2025
Trump já havia dito não estar "nada satisfeito" com Putin
Foto: ReproduçãoAs Forças Armadas da Rússia lançaram o maior ataque a drone contra a Ucrânia desde o início da guerra entre a noite de domingo (25) e a madrugada dessa segunda-feira (26), horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que o líder russo, Vladimir Putin, está “completamente louco” pelos ataques lançados contra o território ucraniano em meio às tentativas de avanço das negociações de paz.
O Kremlin argumentou que os ataques são parte de uma represália a agressões anteriores de Kiev e disse haver “reações emotivas” aos acontecimentos no front.
A Força Aérea da Ucrânia afirmou que 367 dispositivos — 69 mísseis e 298 drones — foram lançados contra 22 localidades do país durante o último ataque, o mais recente dos três grandes bombardeios que a Rússia disparou desde o fim da semana passada. Ao menos 13 pessoas morreram em ataques desde o domingo, e o porta-voz da Força Aérea, Yuriy Ihnat, afirmou que a ação desta madrugada foi a maior da guerra em termos de número de armas utilizadas.
No dia anterior, a Rússia já havia atacado a Ucrânia com 250 drones shahed, de fabricação iraniana, e 14 mísseis balísticos, em uma ofensiva que também teve como alvo Kiev. Após o bombardeio de sábado para domingo, Trump se pronunciou nas redes sociais, chamando Putin de “louco” e dizendo que ele levaria o país à “ruína” se continuasse nesse caminho.
“Sempre tive um ótimo relacionamento com Vladimir Putin, da Rússia, mas algo aconteceu com ele. Ele ficou completamente LOUCO!”, escreveu Trump no domingo em seu perfil na rede social Truth Social. “Eu sempre disse que ele quer TODA a Ucrânia, não apenas um pedaço dela, e talvez isso esteja se provando certo, mas, se ele fizer isso, levará à ruína da Rússia!”.
Em uma declaração anterior à publicação nas redes, Trump já havia dito não estar “nada satisfeito” com Putin — com quem reconheceu manter certa simpatia, mas que disse ter notado uma mudança de comportamento.
“Não estou nada satisfeito com o que Putin está fazendo. Está matando muita gente. Não sei o que diabos aconteceu com ele”, disse Trump no aeroporto de Morristown antes de embarcar no Air Force One, no domingo.
Em uma entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, o principal porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, justificou que os ataques do fim de semana, incluindo o de domingo, eram uma resposta a atividades hostis de Kiev, incluindo os últimos disparos de drones contra posições próximas a Moscou enquanto o país comemorava o Dia da Vitória, em 9 de março — que marca a vitória soviética contra as tropas nazistas na Segunda Guerra Mundial, e reuniu líderes estrangeiros no país.
“Todos nós testemunhamos como o regime de Kiev ameaçou líderes estrangeiros antes de eles virem a Moscou para comemorar o Dia da Vitória. Todos ouviram essas ameaças do regime de Kiev”, afirmou Peskov.
“E muitos líderes que estiveram aqui testemunharam tentativas do regime de Kiev de atacar território russo com drones, grandes cidades e até mesmo a capital, na véspera de um dia tão importante. Essas tentativas continuam. Somos forçados a tomar medidas, e o presidente Putin faz o que é necessário para garantir a segurança”, disse.
Questionado sobre as críticas de Trump ao bombardeio mais recente, Peskov agradeceu ao papel dos EUA em tentar intermediar conversas de paz e um acordo de cessar-fogo, mas disse que há uma “sobrecarga emocional” de todos os envolvidos, além de “reações emotivas” diante dos fatos no front.
Da margem europeia do Atlântico, aliados da Otan enquadraram os ataques de Moscou como um desafio direto ao presidente americano. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, afirmou que o ataque massivo era uma afronta a Trump, além de um sinal de que Putin pretende manter a guerra.
Em viagem ao Vietnã, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que as declarações de Trump indicavam que o republicano havia percebido aspectos das “mentiras” de Putin sobre suas reais intenções na Ucrânia, acrescentando que queria que sua retórica crítica “se traduzisse em ação” — o líder francês defende que os países aliados imponham novas sanções massivas contra Moscou caso um cessar-fogo não seja atingido dentro de um prazo a ser estabelecido.