Quinta-feira, 26 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2025
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e está foragida após viajar para a Itália, traçou uma estratégia de sobrevivência política para driblar sua inelegibilidade. Ela pretende lançar a mãe, Rita, candidata a deputada federal em 2026 e trabalhar para reeleger o irmão, Bruno, deputado estadual em São Paulo. Além disso, já cogita que o filho, João, hoje com 17 anos, dispute cadeira de vereador na capital paulista em 2028.
Na segunda-feira (23), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara abriu prazo para Zambelli apresentar defesa no processo que pode resultar na cassação de seu mandato. A parlamentar, que foi condenada a dez anos de prisão por invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está licenciada, tem até cinco sessões do plenário para se manifestar. Se aprovado na CCJ, que analisa apenas questões formais, o caso vai ao plenário, onde são necessários 257 votos para a perda do mandato.
O advogado Fabio Pagnozzi, que representa Zambelli, disse que entrará com uma petição no Ministério da Justiça da Itália para tentar evitar a extradição. Segundo ele, a deputada está abalada por ter tido que deixar o Brasil “para se resguardar de alguma retaliação” e por ter perdido o acesso às redes sociais, que usava como instrumento de atuação política.
Na ausência da filha, Rita tem usado as plataformas para preparar a eventual campanha. Nas publicações, ela se refere a Carla como “perseguida política” e ecoa bandeiras da direita e ataques à esquerda, além de criticar o Supremo Tribunal Federal e alguns de seus ministros. A aposentada diz que sempre vai agir “como uma leoa” para proteger a filha e que, se for eleita, buscará “continuar o trabalho” dela.
“Temos os mesmos princípios e valores. Vou ser uma ferrenha fiscalizadora das ações dos ministros do STF, contra o ativismo judicial e em defesa da liberdade”, prevê.
A candidatura de Rita conta com o apoio do PL, que vê força no sobrenome da família. O partido já estudava alternativas à inelegibilidade de Carla, uma de suas “puxadoras” de votos. Em 2022, a parlamentar foi a segunda mais votada dos deputados federais paulistas, com 946 mil votos. “Ela tem um patrimônio político que o partido não vai descartar”, diz o deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP).
Promessa
Segundo o líder da bancada do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), ele e o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, firmaram com Carla a promessa de garantir a candidatura de Rita. Sóstenes articula com líderes partidários um acordo para que o relatório da CCJ seja contrário à perda do mandato.
Apesar das articulações para preservar o mandato e dos recursos para tentar recuperar os direitos políticos, aliados admitem ser remota a possibilidade de Carla conseguir concorrer em 2026. Ela responde a um outro processo no STF, pela perseguição armada a um homem na véspera da eleição de 2022 – episódio que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a responsabilizá-la por sua derrota.
Também é alvo de ação na Justiça Eleitoral, com decisão pela inelegibilidade, em processo por desinformação.
O deputado Bruno Zambelli (PL-SP) diz que só admite discutir cenários se a situação for irreversível. “Na atual conjuntura, a Carla ainda é candidata”, afirma o irmão, que não desconsidera sair candidato a federal. “Temos que esperar os próximos passos”, diz ele, que, com 235 mil votos, foi o nome de direita mais votado da Assembleia paulista em 2022.
No horizonte de Carla para, segundo ela, manter seu “legado”, está ainda uma candidatura de João em 2028. Em 2026, o jovem não terá idade mínima legal para concorrer a algum dos cargos em disputa. Ele tem circulado na Câmara dos Deputados para mobilizar a defesa da mãe e aposta nas redes sociais para se promover. (Com informações da Valor Econômico)