Quinta-feira, 06 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2025
O projeto também revoga incentivos à energia limpa criados na gestão do democrata Joe Biden.
Foto: ReproduçãoA Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, nesta quinta-feira (3), por 218 votos a 214, o megapacote tributário e orçamentário proposto pelo governo. Dois parlamentares republicanos votaram contra. A medida, já aprovada pelo Senado, segue agora para sanção do presidente Donald Trump, que deseja transformá-la em lei até esta sexta-feira (4), data em que se comemora o Dia da Independência dos EUA.
Batizado de One Big Beautiful Bill (Um grande e belo projeto), o texto reúne uma série de medidas fiscais e orçamentárias que incluem cortes de impostos, aumento de gastos com defesa e imigração, e fortes reduções em programas sociais. Estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) apontam que o pacote pode elevar a dívida pública em US$ 3,3 trilhões, o equivalente a cerca de R$ 18 trilhões.
A aprovação veio após intensa articulação da base governista. Na véspera, Trump cancelou compromissos para receber parlamentares moderados na Casa Branca. Durante a madrugada, cinco deputados republicanos ameaçaram votar contra, mas recuaram após pressão do partido. Líderes da Câmara aceleraram os trâmites para atender à exigência do presidente de promulgar a lei ainda esta semana.
Entre os principais pontos do pacote estão cortes no Medicaid e no Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), que podem afetar milhões de pessoas. Estima-se uma redução de US$ 930 bilhões em programas de saúde e alimentação. Apenas no SNAP, cerca de 3 milhões de beneficiários podem perder o acesso ao auxílio devido a novos critérios de elegibilidade.
Na área da saúde, o texto impõe novas exigências para acesso ao Medicaid, como comprovação de 80 horas mensais de trabalho para adultos sem filhos e sem deficiência. Também flexibiliza regras para que estados cancelem benefícios de quem não apresentar documentação. Mudanças na lei conhecida como Obamacare podem resultar na perda de seguro para milhares de pessoas.
O projeto também revoga incentivos à energia limpa criados na gestão do democrata Joe Biden. Isso inclui o fim dos créditos fiscais para fontes renováveis e o encerramento, até 2025, do subsídio de US$ 7,5 mil para a compra de carros elétricos. Segundo o New York Times, o pacote compromete investimentos da ordem de US$ 841 bilhões já realizados nesse setor.
Na contramão dos cortes sociais, os gastos militares serão ampliados. O pacote destina US$ 150 bilhões à defesa, incluindo recursos para construção naval e para o projeto de escudo espacial “Golden Dome”. Além disso, prevê US$ 175 bilhões para reforçar o controle da imigração, com ampliação de patrulhas na fronteira sul e construção de novas instalações.
Outro ponto de destaque é a redução de impostos em cerca de US$ 4 trilhões, mantendo boa parte dos cortes implementados por Trump em 2017. As medidas incluem isenção temporária sobre gorjetas e horas extras, alíquotas menores de Imposto de Renda, deduções para empresas e isenções para idosos que recebem benefícios da Previdência Social.
Na contrapartida, o texto propõe novas formas de arrecadação: como o aumento de tributos sobre fundos universitários, restrições ao crédito infantil e a proibição de que imigrantes sem green card acessem subsídios para planos de saúde. Especialistas alertam que as mudanças podem afetar cerca de 2 milhões de crianças em situação vulnerável.
A votação no Senado também foi apertada, com placar de 51 a 50. O voto de minerva foi dado pelo vice-presidente J.D. Vance. Três senadores republicanos — Thom Tillis, Susan Collins e Rand Paul — votaram contra. A oposição democrata, liderada por Nancy Pelosi, criticou duramente o projeto, argumentando que ele beneficia os mais ricos e compromete a rede de proteção social do país.