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Variedades Doações de cérebros ajudam a desvendar a demência no Brasil

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Acervo da Faculdade de Medicina da USP tem dado pistas importantes sobre causas e prevenção. (Foto: Reprodução)

No centenário prédio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), um acervo valioso (e diferente) está por trás de algumas das principais descobertas dos últimos anos sobre as causas e características da demência no Brasil. Na FMUSP estão armazenados mais de 5 mil cérebros, todos doados por famílias de pessoas que morreram de causas naturais em São Paulo e passaram por necropsia no Serviço de Verificação de Óbitos da Capital (SVOC), também ligado à universidade. As famílias que concordam com a doação têm os órgãos do ente querido encaminhados ao Biobanco para Estudos do Envelhecimento da USP.

Por meio da análise dos encéfalos, os pesquisadores do biobanco – o maior do tipo na América Latina – já descobriram em que área do cérebro o Alzheimer começa, os tipos mais comuns de demência na população brasileira e, agora, tentam entender como identificar sinais da condição antes que o paciente manifeste os sintomas do quadro, como esquecimentos e desorientação.

Fizeram uma descoberta importante: encontraram sinais de depósito das proteínas beta-amiloide e tau, relacionadas à doença de Alzheimer, em cérebros na faixa dos 30 anos. “Isso mapeia para a gente quando é o início. É muito cedo porque, embora os sintomas vão começar, provavelmente, na média, acima dos 70 anos, você já tem depósito de neuropatologia aos 20, 30 anos. Isso é um chamado para a prevenção precoce”, alerta Claudia Suemoto, diretora do Banco de Cérebros e professora da FMUSP.

Os achados completos do estudo, liderado pela pesquisadora Renata Leite, deverão ser publicados em breve, mas reforçam a recomendação de que a prevenção do Alzheimer não seja uma preocupação somente na meia-idade. Isso porque, embora as causas e os mecanismos da condição não sejam totalmente compreendidos, alguns fatores de risco para esse e outros tipos de demência são bem conhecidos, como baixa escolaridade, hipertensão arterial, diabete, sedentarismo, tabagismo e perda auditiva.

“O principal fator de risco no Brasil é a baixa escolaridade e ele começa na infância, adolescência. É uma janela superimportante de produção, diversidade e riqueza de neurônios. E ela vai te dar proteção. Ou seja, você pode ter depósito de proteínas no cérebro, mas você não manifesta (a condição) porque você tem uma reserva cognitiva”, diz Claudia.

De acordo com a pesquisadora, os maiores bancos de cérebros do mundo estão em países de alta renda, onde a média de escolaridade é de 12 anos e onde há menor diversidade. Outro diferencial do biobanco da USP, diz a pesquisadora, é a presença de cérebros de pessoas de qualquer idade a partir dos 18 anos. “Outros biobancos no mundo costumam ter um acervo de indivíduos já com demência, e muitos com demência avançada”, explica.

Nas nações mais ricas, o Alzheimer responde por 60% a 80% dos casos. Por aqui, ele também é a principal causa, mas com cerca de 50% dos casos. A razão para essa diferença é uma proporção maior de indivíduos com demência vascular, a segunda causa mais comum. Mais prevalente em países de baixa e média renda, ela é responsável por cerca de 35% dos casos no acervo do banco.

“A demência vascular é prevenível. A gente sabe 100% a causa, que são fatores como pressão alta, diabete, colesterol alto, obesidade”, explica.

Início do Alzheimer

Uma das primeiras descobertas feitas pelo biobanco da USP foi a de que, ao contrário do que muitos pensavam, o Alzheimer não começa no hipocampo, área do cérebro responsável pela formação e consolidação de memórias. Estudo conduzido pela pesquisadora Lea Grinberg, uma das fundadoras do Banco de Cérebros da USP e hoje cientista da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, mostrou que ela começa no tronco cerebral, região que controla funções vitais e automáticas do nosso corpo, como equilíbrio, respiração e sono.

“Isso redefiniu onde a doença começa e tem implicações clínicas. A gente sabe que muitas pessoas têm alterações de sono, têm alterações de depressão alguns anos antes de ter demência, e a gente não entendia muito bem. A gente achava que era fator de risco. Mas se você começa a ter alterações de depressão e alterações de sono na velhice, já pode ser algum sinal de doença degenerativa nessas regiões”, diz Claudia.

De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, cerca de 1,8 milhão de pessoas sofrem de demência no Brasil, número que deverá triplicar até 2050, com o envelhecimento populacional acelerado. A pesquisadora ressalta que, embora a ciência ainda não tenha decifrado pontos importantes sobre os mecanismos que levam à demência, cada uma dessas descobertas pode ajudar a reduzir o risco do quadro. As informações são de O Estado de S. Paulo

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https://www.osul.com.br/doacoes-de-cerebros-ajudam-a-desvendar-a-demencia-no-brasil/ Doações de cérebros ajudam a desvendar a demência no Brasil 2025-08-16
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