Sexta-feira, 22 de agosto de 2025
Por Flavio Pereira | 22 de agosto de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A ex-governadora Yeda Crusius não resistiu muito tempo à disposição, anunciada no ano passado, de desfiliar-se do PSDB e abandonar a militância partidária. Após anunciar esta decisão, aumentaram os convites para palestras e eventos para discutir saídas para a crise brasileira. Ontem, ao participar de um debate na ADCE (Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas) Yeda, cujo nome é cogitado para comandar o PSDB no Estado, respondendo a uma pergunta, admitiu que poderia candidatar-se ao Senado em 2026, “mas desde que dentro de um projeto nacional de país”. Segundo ela, o atual cenário político-partidário preocupa, porque “passou a predominar a lógica do dinheiro, mas essa não é a minha lógica. A lógica social não pode estar baseada em quanto eu ganho com isso”. Uma candidatura, um posto de comando partidário segundo ela, não estão descartados, mas sempre como resultado de diálogo e consenso, sem intervencionismo: “Sempre digo quanto a ser candidata: as peças ainda não estão no tabuleiro. Quando estiverem, eu decidirei. Depende como o tabuleiro vai ser montado e das peças do tabuleiro. Porque só irei escolher um cargo de disputa eleitoral se eu tiver em vista que aquilo é um projeto para conversar melhor com o mundo”.
Ministra, deputada federal, governadora
Economista, professora com destacada carreira acadêmica, sua história política começou a partir de 1990, quando se filiou ao PSDB. Em 1993, tornou-se ministra do Planejamento, Orçamento e Coordenação no governo do presidente Itamar Franco. No ano seguinte, foi eleita deputada federal pelo Rio Grande do Sul, cargo que manteve por quatro mandatos, sagrando-se como uma das parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. Nesse meio tempo, foi uma das fundadoras do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, além de presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), responsável pela formação política e formulação programática do partido. Em 2006, se tornou a primeira mulher eleita governadora do Estado do Rio Grande do Sul. Liderou então o projeto de desenvolvimento que conquistou o Déficit Zero em 2008, com um registro de altas taxas de crescimento do PIB, melhoria em todos os indicadores sociais e novos projetos de infraestrutura e investimentos. Ontem à tarde, a ex-governadora conversou com o colunista sobre os seus projetos.
Yeda diz que “estou dialogando muito, buscando um projeto de consenso”
Yeda Crusius disse que tem conversado muito com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, com deputados e com possíveis candidatos às eleições de 2026. Segundo ela, “tenho dialogado com grupos que buscam se organizar tentando, se juntar para a construção de um consenso, mesmo que ele passe por um evento eleitoral.” Ela deseja, na política, “que outras pessoas possam fazer aquilo que eu tive oportunidade de fazer: seguir um rumo, ter um projeto, seguir uma agenda”.
Segundo Yeda, a realidade obriga a uma discussão sobre um projeto para o país, “porque, de repente a Constituição não vale mais, nem as regras processuais? Tem que haver um respeito institucional, e não pode tardar, aquilo que o consenso criou a partir de uma Constituição. Ela – a Constituição – está sendo machucada”, comenta.
Yeda disse ao colunista que “tenho conversado muito com muitos interlocutores. Lá atrás, conversei com o Zema – governador Romeu Zema, de Minas Gerais – “argumentando, ajudando e sugerindo porque acho que temos que somar grupos. Grupos que queiram buscar uma solução e um novo caminho que detenha esse processo que está levando para baixo a qualidade das democracias.”
Sinais de mudanças
“Tem muita coisa boa acontecendo no Congresso. Veja o que aconteceu esta semana na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o vergonhoso roubo dos aposentados do INSS onde a oposição derrotou o governo, e mostrou vitalidade. Isso foi um indicador de que ainda podem ser formadas maiorias para enfrentar esse jogo de tirar de quem tem menos, como foi esse roubo do INSS”, afirma a ex-governadora.
Yeda Crusius mostra estar atenta e também identifica esses sinais em outros segmentos: veículos de comunicação, streamings e várias plataformas dinâmicas de comunicação. “Por isso eu vejo com esperança que esse quadro de mudanças não demore muito para ser encaminhado.”
Yeda diz que “o que está faltando para o PSDB é um projeto”
Yeda Crusius diz que sua decisão sobre a forma como vai atuar na política não deve demorar. Ela explica: “Vejo a política como construção de confiança mútua. Em que alguns exercem algumas posições. Não pode pensar em construir um futuro baseado numa convivência de desconfiança”. Mas a definição sobre a forma como ela poderá colaborar precisará acontecer logo: “pois em 2026 teremos uma campanha, que exige uma pré-campanha”. E comenta sobre o esvaziamento do PSDB:
“Alguns estão indo embora porque não estão enxergando rumo no partido. Outros, para continuar um projeto em outro partido que sirva às suas demandas eleitorais. O que está faltando ao PSDB é um projeto. Disso eu não tenho dúvida. Nas conversas com o presidente Marconi Perillo entendemos que é preciso decidir, ter coragem para fazer: decidirmos ir para a disputa eleitoral, nem que seja sozinhos, para honrar nossas raízes democráticas”, afirma Yeda.
* Instagram: @flaviorrpereira
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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