Sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de setembro de 2025
Moraes rebateu ainda argumentos do voto de Fux.
Foto: Antonio Augusto/STFO ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da ação penal da trama golpista, mostrou nesta quinta-feira (10) um vídeo com ataques de Jair Bolsonaro a ministros da Corte, como o próprio Moraes e Luiz Fux, colega que na véspera votou pela absolvição do ex-presidente.
Em comício do dia da Independência, em 2021, o então presidente Bolsonaro discursou citou indiretamente Fux, que ocupava a Presidência do STF:
“Nós não podemos continuar a aceitar uma pessoa específica da região da Praça dos Três Poderes continue barbarizando nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder (Fux) enquadra o seu (Alexandre de Moraes), ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República”, disse Bolsonaro.
Moraes rebateu ainda argumentos do voto de Fux. Segundo o relator, “havia forte armamento” na tentativa de golpe. Ele se manifestou durante o voto de Cármen Lúcia, em um pedido de “aparte”.
“Essa organização criminosa era fortemente armada, e já foi reconhecido aqui, já há maioria desse sentido, da condenação de dois réus, o colaborador Mauro Cid e o general Braga Netto, em virtude do planejamento do Punhal Verde Amarelo e da operação Copa 2022, havia forte armamento, então os autos demonstram a grave violência, a utilização de armas para a violência e grave ameaça”, frisou.
O magistrado também argumentou que não é possível minimizar os acontecimentos.
“É muito importante deixarmos muito claro, principalmente para a sociedade, que não foi um domingo no parque, não foi um passeio na Disney. Foi uma tentativa de golpe de Estado, não foi combustão espontânea”, disse Moraes.
O relator da trama rebateu ainda diretamente os argumentos de Fux, que criticou em seu voto o encadeamento de fatos apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na quarta-feira, ao votar pela absolvição de Bolsonaro, Fux citou a reunião dos “kids pretos” em um prédio em Brasília, desqualificando a prova trazida pela Polícia Federal.
Disse Moraes:
“Se nós pegarmos, ministro Flávio, um fato isolado…A reunião dos kids pretos, que na verdade, foi um salão de festas fechado. ‘Mas a reunião dos kids pretos, eles não podem se reunir?’ A questão é o encadeamento (dos fatos)”, disse.
Além de Bolsonaro, são réus o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto.