Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2025
A tecnologia Embryoscope Plus+, que permite o monitoramento em time-lapse do desenvolvimento embrionário, vem ganhando espaço em centros especializados em fertilização in vitro (FIV) no Brasil. O equipamento, que integra inteligência artificial ao acompanhamento contínuo do cultivo, gera dados detalhados sobre cada fase da formação dos embriões, contribuindo para diagnósticos mais precisos e impulsionando pesquisas científicas na área de reprodução assistida.
“Esses aparelhos funcionam como câmeras especiais, capazes de filmar e acompanhar o desenvolvimento dos embriões 24 horas por dia. Isso fornece aos profissionais centenas de informações e mantém os embriões em um ambiente constantemente ideal para o crescimento”, explica o médico Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador do Mater Lab.
Ele acrescenta que o uso da tecnologia vai além do tratamento individual: “A vasta quantidade de dados gerados pode alimentar estudos multicêntricos, ajudar na validação de novos biomarcadores de viabilidade embrionária e impulsionar o desenvolvimento de diretrizes clínicas e algoritmos preditivos.”
O monitoramento por time-lapse, como o realizado pelo Embryoscope, funciona como uma espécie de “babá eletrônica” para os embriões, registrando centenas de imagens diariamente. O resultado é um vídeo completo do desenvolvimento, desde a fertilização até a fase final do cultivo, que pode ser usado para controle de qualidade, ensino, pesquisa e até compartilhado com os próprios pacientes. “É uma transparência sem precedentes sobre o desenvolvimento dos seus futuros filhos”, destaca Dr. Rodrigo.
No Brasil, clínicas como as do Grupo Huntington e do FertGroup já utilizam incubadoras de última geração com tecnologia time-lapse, que permite o monitoramento contínuo do desenvolvimento dos embriões. No caso da Huntington, sete dessas incubadoras estão integradas à MAIA, uma plataforma de inteligência artificial desenvolvida internamente, com resultados divulgados em artigo científico na Scientific Reports, do grupo Nature.
Treinada com imagens de embriões de pacientes brasileiros, a MAIA auxilia embriologistas na identificação daqueles com maior potencial de implantação, contribuindo para decisões mais objetivas e eficazes na reprodução assistida.
“Nosso objetivo nunca foi substituir o embriologista, mas sim oferecer um recurso que traga consistência e reduza a subjetividade da decisão clínica. Ao treinar a MAIA com dados brasileiros, conseguimos desenvolver uma tecnologia adaptada à nossa realidade, que já mostra resultados concretos e pode encurtar o caminho até a gestação”, afirma o Dr. José Roberto Alegretti, diretor de Embriologia do Grupo Huntington.
Fertgroup, hoje presente nas cinco regiões do país, também possui sete Embryoscopes em suas unidades e adquiriu outra três, que em breve serão implementadas.
A aplicação pioneira de IA à reprodução assistida no caso da rede especializada em medicina reprodutiva colocou o Brasil recentemente em destaque internacional. Pesquisadores do FertGroup apresentaram no último congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), em Paris, um estudo que demonstra a capacidade da inteligência artificial de prever a qualidade genética dos embriões sem a necessidade de biópsia. Com informações do portal O Globo.
