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Mundo Alemanha quer elevar para até 260 mil o número de soldados da ativa, em momento de tensões com a Rússia

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A Alemanha suspendeu o serviço militar obrigatório em 2011, durante o governo de Angela Merkel. (Foto: Freepik)

Pouco mais de uma semana após o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciar a criação de um novo serviço militar voluntário, a Alemanha aprovou um conjunto de medidas para reestruturar e ampliar o contingente das Forças Armadas do país. Na sexta-feira (5), o Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento, votou a favor de um projeto que reintroduz um programa de serviço militar voluntário para jovens de 18 anos e abre caminho para um modelo de conscrição caso metas de recrutamento não sejam cumpridas. As medidas são apresentadas em um momento de aumento das tensões na Europa – uma crescente desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022.

O texto aprovado prevê que todos os jovens de 18 anos recebam, a partir de janeiro de 2026, um questionário perguntando sobre seu interesse em servir no Exército. O preenchimento será obrigatório para homens e voluntário para mulheres. A partir de julho de 2027, homens também terão de passar por exames médicos obrigatórios aos 18 anos para avaliar sua aptidão para eventual serviço militar. Segundo o governo, essa etapa é necessária para evitar atrasos na identificação de recrutas em caso de ataque.

O projeto de lei foi aprovado por 323 votos a favor, 272 contra e uma abstenção — resultado considerado uma maioria relativamente sólida. A votação, porém, ocorreu em meio a protestos de estudantes, que anunciaram greves em até 90 cidades para demonstrar oposição à medida. Em comunicado nas redes sociais, organizadores afirmaram que não querem “passar meio ano trancados em quartéis, sendo treinados em disciplina e obediência e aprendendo a matar”. Em Hamburgo, cerca de 1,5 mil pessoas eram esperadas nas ruas.

O governo alemão afirma que o modelo permanecerá voluntário pelo maior tempo possível. O plano inclui incentivos como salário inicial de € 2,6 mil mensais (R$ 16 mil), € 450 (R$ 2,7 mil) acima do valor atual. Entretanto, caso os novos patamares de recrutamento não sejam alcançados, permanece a possibilidade de recorrer à chamada Bedarfswehrpflicht, a conscrição baseada na necessidade, mediante votação de uma lei adicional no Parlamento.

A meta é elevar o efetivo da Bundeswehr, hoje com cerca de 180 mil a 182 mil soldados, para 260 mil até 2035, além de formar uma reserva de aproximadamente 200 mil integrantes. O ministro da Defesa, Boris Pistorius, pretende aumentar o número de militares em 20 mil já no próximo ano. Segundo o governo, a ampliação é necessária para cumprir novas metas definidas pela Otan, a aliança militar do Ocidente, e fortalecer a defesa alemã.

A Alemanha suspendeu o serviço militar obrigatório em 2011, durante o governo de Angela Merkel, tornando o alistamento totalmente voluntário. Desde o fim da Guerra Fria, o país vinha reduzindo gastos militares, que ficaram consistentemente abaixo de 2% do PIB, enquanto persistia na sociedade um tabu legado pelo período nazista.

O chanceler Friedrich Merz, que se comprometeu a reconstruir as Forças Armadas e transformá-las no exército convencional mais forte da Europa, argumenta que a nova realidade geopolítica exige mudanças profundas. A pressão externa também aumentou: países membros da Otan vêm sendo cobrados pelo governo do presidente Donald Trump para reforçar seus investimentos em defesa. Com a recente decisão, a Alemanha se junta, além da França, à Dinamarca e à Letônia, que também revisaram seus modelos de serviço militar desde o início da guerra na Ucrânia.

A votação sobre o serviço militar ocorreu no mesmo dia em que o Bundestag analisava um projeto de reforma da previdência, que manterá o valor das aposentadorias públicas até 2031. A proposta é central para o acordo de coalizão entre os conservadores de Merz e os social-democratas, que governam com uma estreita maioria de 12 votos. A medida enfrentava resistência de deputados jovens da sigla governista, que alegam que o plano é insustentável financeiramente e sobrecarregará as gerações futuras. A abstenção anunciada pelo partido de esquerda Die Linke reduziu a margem necessária para aprovação, evitando uma possível crise política.

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