Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2016
novo estudo traz indícios de que uma grande colisão, mais violenta que o esperado, entre a Terra e um corpo celeste, deu origem à Lua. A análise de elementos químicos contidos no satélite, detalhada em pesquisa publicada na revista científica Nature, revela que o impacto teria sido tão forte que foi capaz de pulverizar a Terra e o corpo celeste. Em seguida, a densa atmosfera resultante do choque teria esfriado e se condensado, formando a Terra e a Lua.
“Nossos resultados oferecem a primeira evidência contundente de que o impacto realmente vaporizou a Terra”, afirmou o geoquímico Kun Wang, da Universidade Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, em comunicado.
A origem da Lua.
A explicação mais aceita sobre a origem do satélite terrestre foi proposta nos anos 1970 e é conhecida como a “hipótese do grande impacto”. Segundo essa ideia, o choque da Terra com um corpo celeste do tamanho de Marte teria desprendido rochas e poeira que, reunidos, formaram nosso satélite. Assim, cerca de 80% da Lua teria vindo do corpo celeste e o restante, da Terra.
Contudo, análises mais recentes, feitas com amostras lunares trazidas das missões Apollo, revelaram que a Terra e a Lua têm composições muito parecidas. Esse novo fato levou os cientistas a reformular o modelo, propondo que uma atmosfera de silicatos (compostos de silício, oxigênio, metais e, possivelmente, hidrogênio) teria surgido ao redor dos dois corpos e possibilitado o trânsito de materiais entre a Terra e a Lua. Por esse motivo, o planeta e seu satélite seriam tão parecidos.
O estudo feito pela equipe de Wang, entretanto, oferece uma terceira explicação. Analisando isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa) de potássio contidos em sete rochas lunares e oito rochas terrestres, os pesquisadores descobriram que a Lua contém os isótopos mais pesados e a Terra, os mais leves. A única explicação para essa composição, de acordo com os cientistas, é que o impacto entre a Terra e o corpo celeste teria sido extremamente violento, capaz de vaporizar os dois astros.
“Os dados confirmam o modelo em que o impacto pulveriza a Terra como um martelo acertando uma melancia”, afirma o comunicado da Universidade de St. Louis sobre a descoberta. Dessa maneira, durante a condensação da Lua e da Terra, os isótopos teriam tempo para se acomodar em quantidades diferentes nos dois corpos celestes.
Discussão.
A comunidade científica, entretanto, vê com cautela o novo estudo. “É uma proposta arriscada”, afirmou Munir Humayun, geólogo da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos. Segundo o cientista, é preciso que outras análises e mais indícios confirmem a teoria proposta na Nature.
“Levará tempo para que essa nova ideia seja aceita”, afirma Wang. “Foi preciso décadas para que a ‘hipótese do grande impacto’ fosse aceita. Agora, estamos dizendo que ela não estava correta, então esse novo modelo deve levar mais dez ou 20 anos para ser aceito.”