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Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2016
Um cientista britânico afirma ter descoberto um novo tipo de álcool sintético que poderá permitir bebedeiras sem ressacas. A nova substância, batizada de alcosynth, é resultado do trabalho do químico David Nutt, do Imperial College de Londres, e, ironicamente, ex-consultor do governo britânico para assuntos ligados a drogas.
Segundo Nutt, o alcosynth simula os efeitos positivos do álcool, mas não causa dor de cabeça ou náuseas, por exemplo, tampouco agride o fígado.
O cientista diz ter patenteado 90 diferentes compostos usando a substância. Dois deles estão agora sendo testados para uso disseminado, e o acadêmico afirma acreditar que até 2050 o alcosynth terá substituído o álcool convencional.
“Você poderá ter o prazer de tomar um coquetel sem danificar seu fígado e coração. Eles [os compostos] combinam muito bem com mojitos ou com um Tom Collins”, explicou Nutt, referindo-se aos drinques tradicionalmente feitos com rum e gim.
O cientista e sua equipe estudaram substâncias cujos efeitos no cérebro se assemelham aos do álcool para produzir a droga que, afirmam, é atóxica. “A relação entre o álcool e o cérebro já é bem compreendida há 30 anos. Sabemos onde os efeitos positivos do álcool são medidos no cérebro e podemos imitá-los. Sem tocar as áreas ruins, também não temos os efeitos ruins.”
Defensores do alcosynth acreditam que ele poderá revolucionar a saúde pública, mais precisamente pela redução dos gastos com o tratamento de males provocados pelo consumo de álcool. De acordo com ONGs britânicas, o alcoolismo é a terceira maior causa de doenças no país, depois do tabagismo e da obesidade.
Experimentos anteriores com o alcosynth usaram um derivado do benzodiazepan, um tipo de tranquilizante, mas as novas substâncias, segundo Nutt, não contêm o produto.
Cautela e ceticismo.
Apesar do progresso, ainda será preciso esperar um bom tempo para poder pedir uma dose do álcool sem ressaca – os custos de desenvolvimento e as barreiras regulatórias são grandes.
“É uma ideia interessante e seria ótimo para que a força de trabalho não sofresse de ressaca e fosse mais eficiente, mas ainda está muito no começo para comentarmos”, declarou o Ministério da Saúde, que tem se mostrado receptivo a financiar futuros estudos.
O cientista ficou famoso em 2009 ao ser demitido do cargo de consultor governamental ao declarar que consumir ecstasy era menos perigoso que andar a cavalo. Ele ainda diz que o alcosynth tem um “limite de segurança” que impede o usuário de ficar bêbado demais. “Acreditamos que, depois de quatro ou cinco drinques, o efeito se estabilizará e evitará que alguém se mate ou fique muito enjoado”, explica.
A indústria do álcool, naturalmente, mostrou ceticismo diante do alcosynth. Em entrevista ao jornal The Independent, o presidente da Associação de Bares do Reino Unido, Neil Williams, disse que a nova substância não é necessária, já que existem “outras maneiras de evitar ressaca”.
“Há uma série de drinques de menor teor alcoólico, como cervejas. Todos devemos beber com moderação para evitar ressacas”, afirmou.