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Por Redação O Sul | 14 de abril de 2018
A decisão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de transferir seu domicílio eleitoral de Porto Alegre para Belo Horizonte virou motivo de queixas e de preocupação no MDB, partido que em Minas Gerais é o principal aliado do governador e candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT).
Dilma, que é belo-horizontina, fez a transferência no dia 6 e embora não tenha dito ainda se pretende disputar algum posto, o caminho visto como o mais natural é o de uma candidatura ao Senado. E é isso o que incomoda emedebistas. “Quem tem a cabeça de chapa tem que ceder espaços para os demais aliados”, disse ontem o deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG).
O atual presidente da Assembleia Legislativa de Minas, o deputado estadual Adalclever Lopes (MDB), vinha sendo tratado como um dos nomes mais fortes governismo na eleição para o Senado. Lopes tem tido papel decisivo no governo Pimentel. Ajudou-o a aprovar a maioria de seus projetos e conduz o partido a manter-se ao lado do governador na eleição deste ano. Prestigiado por Pimentel, tinha até dias atrás chances claras de ser senador ou vice de Pimentel.
“Só que agora o quadro se estreitou”, disse um veterano emedebista, o deputado federal Saraiva Felipe (MDB-MG). Como Dilma desfruta de amplo prestígio entre o eleitorado petista em Minas e chegou a aparecer como a preferida numa pesquisa de intenção de voto no ano passado, restaria a Lopes a posição de candidato a vice.
Felipe lembra que mesmo que este ano duas vagas de Minas no Senado estejam em jogo, é difícil que um mesmo grupo político, no caso PT e MDB, consiga eleger dois senadores de uma vez. As cadeiras no Senado em disputa são hoje ocupadas por Zezé Perrella (MDB) e por Aécio Neves (PSDB). O MDB não quer mais Perrella no posto e Aécio – alvo de processo por corrupção passiva – ainda não disse se tentará um segundo mandato.
O fato é que o movimento de Dilma deixou emedebistas em suspense. “Para o MDB da Assembleia, que vinha construindo uma articulação muito positiva com Pimentel, acendeu uma preocupação”, disse Saraiva Felipe. Sávio Souza Cruz, deputado estadual pelo MDB, e entusiasta da união com o PT e defensor de Dilma, completa: “Não dá para o PT ocupar todas as posições; temos que ter uma composição que contemple a todos e que mantenha a unidade”.
Cruz cita outra dificuldade: seis deputados federais do MDB de Minas votaram pelo impeachment de Dilma em 2016 e agora teriam de estar no mesmo palanque que ela. No governo Pimentel, onde muita gente foi pega de surpresa com a decisão da ex-presidente, a mensagem é que Dilma estará no palanque de Pimentel sendo ou não candidata.
“Ela fortalece o nosso campo sendo candidata ou sendo militante”, diz o deputado estadual do PT de Minas Gerais, André Quintão. Segundo ele, a ex-presidente não impôs uma candidatura, mas é “nome fortíssimo” ao Senado. “Se tiver uma candidatura dela, isso terá de ser construído os aliados, principalmente com o MDB”, afirmou Quintão. Pimentel deve ter como principal adversário o ex-governador e atual senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).