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Por Redação O Sul | 10 de julho de 2018
Faltando duas semanas para o início do prazo de convenções partidárias, o grupo de cinco legendas conhecido como “Centrão” (DEM, PP, SD, PRB e PSC), que surgiu como o “todo-poderoso” da eleição presidencial deste ano, já começa a dar sinais de rachadura.
O PSC já não participa das reuniões que se tornaram rotineiras e o PRB pode pular do barco nesta semana, após consulta a seus integrantes. Além disso, a pressão do bloco para atrair o PR e seus 45 segundos no horário eleitoral no rádio e TV não surtiu efeito até o momento e o partido está cada vez mais próximo da candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) ao Palácio do Planalto.
O “Centrão” surgiu em 2016 como um grupo informal e fisiológico de 13 siglas (PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, SD, PHS, Pros, PSL, PTN, PEN e PT do B) sob o comando do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso desde 2016 e condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Àquela época, o grupo foi um dos fiadores do impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, fez oposição a Rodrigo Maia (DEM-RJ) em sua primeira disputa pela presidência da Câmara e pressionou o governo em votações para conseguir cargos na estrutura federal.
Hoje, mais enxuto, o bloco está sob a batuta de Maia, um dos principais nomes do DEM – partido que, em busca de protagonismo fora da polarização entre direita e esquerda, migrou para o chamado centro político.
Movimentação
Uma aliança com o “Centrão” (ou “Blocão”, como os seus integrantes preferem dizer) pode ser decisiva para qualquer candidato, já que oferecerá ao menos 98 segundos de tempo de TV em 35 dias de propaganda eleitoral gratuita, dez dias a menos que em 2014.
Mas a oferta já foi maior. Com os cerca de 28 segundos do PRB e os 24 segundos do PSC, o grupo oferecia 150 segundos de TV. O PT, sozinho, tem aproximados 95 segundos.
Com a probabilidade cada vez maior de DEM, PP e SD apoiarem Ciro Gomes (PDT), o PRB pode deixar o grupo por ter mais dificuldades em integrar a chapa de um candidato de esquerda.
A conta do DEM é que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pode até chegar ao segundo turno, mas seria derrotado pelo candidato do PT. Em jantar com caciques do “Centrão” na semana passada, o tucano saiu sem conseguir convencê-los de sua viabilidade nas urnas.
Uma pesquisa interna do DEM aponta que a rejeição de Alckmin é de 60% ante 52% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso. Pela lógica da cúpula do DEM, se apoiar Ciro Gomes, o grupo ajuda a isolar o PT. O candidato do PDT, porém, não é palatável a todos os integrantes do partido de Maia.
O PRB, composto em sua maioria por evangélicos, é defensor de uma pauta conservadora nos costumes, o que diverge da agenda da esquerda. A sigla também teme perder o trânsito no empresariado que conquistou ao comandar o Ministério da Indústria e não confia no discurso de moderação apresentado por Ciro para atrair o bloco.
O partido se reúne na manhã desta quarta-feira e, em seguida, deve levar um posicionamento ao encontro com o comando dos demais partidos do centrão.
Representantes do PSC não têm mais aparecido nas reuniões, mas dizem que a sigla segue acompanhando as discussões. Um integrante da cúpula do partido diz não haver restrição a Ciro, mas que há uma simpatia maior por Alckmin.