Terça-feira, 28 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de setembro de 2018
A candidata da Rede, que tem caído nas pesquisas de intenção de voto, afirmou que o patamar que se encontra (6%, conforme pesquisa do instituto Ibope divulgada na véspera) é “excelente” para o que ela avalia ser o início da campanha.
“Agora nós temos a realidade do processo político com todas as candidaturas postas, e eu e Eduardo estamos partindo de um patamar excelente para poder dialogar com os brasileiros e brasileiras pelos próximos 15, 16, 17 dias”, disse a ex-senadora e ex-ministra em entrevista a um grupo de repórteres.
“Nós estamos no processo, estamos na disputa, mas não vamos lançar mão de todo e qualquer subterfúgio. Vamos fazer uma campanha com base na verdade, com base em propostas com propósito”, garantiu.
Antes da entrada de Haddad na disputa, em substituição a Luiz Inácio Lula da Silva, Marina tinha o dobro de intenções de voto, segundo o Ibope, e as pesquisas a apontavam como uma das principais herdeiras do voto destinado ao ex-presidente.
Durante a sabatina, a candidata da Rede fez a avaliação de que, com a entrada de Haddad, depois de Lula ser barrado pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa, as coisas estão em “base real”.
A presidenciável afirmou que o eleitorado não pode escolher entre o “saudosismo autoritário” (em aparente referência a Bolsonaro) e à “conivência com a corrupção” (em uma aparente alusão a Haddad e ao PT). Lula está preso desde abril após ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Ela também afirmou que o Brasil não pode escolher entre a tentação autoritária “nem de direita, nem de esquerda”. Bolsonaro apareceram em primeiro e segundo lugar na pesquisa do Ibope e despontam como favoritos para irem ao segundo turno.
Apesar das pesquisas, Marina manifestou confiança de que ela, acompanhada de seu candidato a vice, Eduardo Jorge, estará no segundo turno: “Eu e Eduardo estaremos no segundo turno. Não importa com quem seja. Nós estaremos no segundo turno. Estamos lutando para isso. Se existe alguns que já jogaram a toalha, nós continuamos no páreo”.
Indagada sobre declaração do candidato tucano Geraldo Alckmin de que Haddad já tem vaga assegurada no segundo turno, ela rebateu: “Nós vamos dialogar com os brasileiros, livres. Ninguém pode votar pelo medo, ninguém pode votar numa situação em que você abandona o candidato do seu coração. Uma eleição em dois turnos, é para que cada um dê o seu voto. Não existe essa história de voto útil. Quem prega voto útil está querendo inutilizar o seu voto”.
Liberdade
Marina também criticou o conformismo daqueles que acreditam que as coisa são assim mesmo e, dirigindo-se aos jornalistas, lembrou daqueles que lutaram contra regimes autoritários:
“Se fosse assim mesmo, hoje nenhum de vocês tinha liberdade de imprensa. Muitos dos antecessores de vocês lutaram para que o texto de vocês não fosse riscado, para que a peça de teatro não fosse censurada, porque não acharam que era assim mesmo”.
“Se achar que é assim mesmo, o Brasil nunca vai mudar”, acrescentou. “Depois de tudo o que aconteceu, chegou a hora de acabar com a história que é assim mesmo. Não é assim mesmo.”
Em um tema sensível para ela, Marina (que é evangélica) disse que vetaria, como presidente, lei ampliando os casos em que o aborto é permitido se o Congresso aprovasse legislação nesse sentido: “Se o Congresso decidir, eu vetaria”. Ela fez a ressalva de que o Estado é laico e reiterou a defesa de que uma eventual ampliação dos casos em que o aborto é permitido seja decidida por meio de plebiscito.
“Se for um plebiscito, eu acho que aí é uma decisão soberana da sociedade. A convocação de um plebiscito cabe ao Congresso e que a consulta popular leva “o assunto para o patamar em que deve estar”, finalizou, chamando a atenção para o fato de que, se a mudança sobre a interrupção da gravidez for feita via emenda à Constituição, não cabe veto presidencial.