Por Redação O Sul | 31 de julho de 2015
O déficit primário das contas públicas atingiu 45,7 bilhões de reais nos últimos 12 meses terminados em junho, batendo o recorde negativo de 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto) na série iniciada em 2001. O resultado, que considera receitas menos despesas, sem levar em conta gastos com juros, foi divulgado pelo BC (Banco Central) nessa sexta-feira.
Em maio, o déficit acumulado em 12 meses era de 0,68% do PIB. No mesmo período de 2014, havia superávit de 1,36% do PIB. A nova meta fiscal do governo para 2015, anunciada na semana passada, prevê uma economia de 8,7 bilhões de reais, ou 0,15% do PIB, até dezembro. Considerando apenas o mês passado, União, Estados e municípios tiveram déficit de 9,3 bilhões de reais, o maior já registrado em meses de junho. Em maio, o resultado negativo foi de 6,9 bilhões de reais.
Considerando os números do primeiro semestre de 2015, a economia feita para pagar os juros da dívida pública ficou em apenas 16,2 bilhões de reais. Esse foi o pior resultado semestral já registrado. No primeiro semestre de 2014, o superávit foi de 29,3 bilhões de reais.
Baixa atividade
Para o BC, os números apresentados nessa sexta-feira refletem o baixo desempenho da atividade econômica, além das dificuldades enfrentadas pelo governo na execução das medidas de recuperação de receitas. “Apesar das medidas adotadas no começo do ano, com objetivo de recuperar receitas e conter despesas, a fragilidade da atividade econômica se impôs, em termos de desempenho fiscal e arrecadação”, afirmou Tulio Maciel, chefe do departamento econômico do BC.
Maciel também comentou sobre o risco do Brasil ter sua nota de crédito rebaixada pelas agências de classificação de risco. Na avaliação do BC, a questão fiscal e a evolução da dívida são fatores relevantes, mas a avaliação da nota brasileira passa também por outros assuntos e considera as ações de política econômica em curso. “É um ano de transição e a perspectiva é obter um ambiente macroeconômico mais favorável no futuro, que dará suporte a um crescimento mais sustentável”, explica.
Relatório
O relatório mostra ainda que a dívida líquida do setor público caiu para 34,5% do PIB. Em dezembro de 2014, o endividamento correspondia a 34,1% das riquezas produzidas no País.
