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Por Redação O Sul | 3 de maio de 2019
Até o ano 2060, a índice de pessoas com idade acima dos 65 anos deve saltar dos atuais 12,7% para 29% no Rio Grande do Sul. Isso significa que, proporcionalmente, a população de idosos do Rio Grande do Sul deve quase triplicar em quatro décadas. A projeção consta em um estudo demográfico divulgado pela Seplag (Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão).
Essa ampliação é atribuída a um processo de envelhecimento social provocado por fatores como baixa fecundidade (poucos ou nenhum filho por casal), migrações de jovens para outros Estados e uma expectativa de vida acima da média nacional.
Tal cenário fica ainda mais evidente quando levado em consideração o recuo da faixa etária de zero a 14 anos: se em agora esse segmento representa 18,3% dos residentes no Estado, daqui a quatro décadas deve cair para 14% – índices que não diferem muito da previsão nacional (21,1% para 14,7%.
Dessa forma, tudo indica que a população considerada potencialmente ativa (entre 15 e 64 anos de idade) sofrerá uma queda acentuada, sendo estimada em 57% para o ano 2060. Atualmente, essa participação é de 69%. “A sociedade gaúcha precisa se preparar para desafios que não serão apenas do governo”, alerta a secretária Leany Lemos.
Para a titular da Seplag, a questão não se resume a políticas de atenção à população idosa, a exemplo de serviços de saúde e assistência social, mas também aos reflexos sobre a questão previdenciária: “Faltará mão-de-obra. O Rio Grande do Sul precisará atrair pessoas”, resume Leany. Ela também chama a atenção para a necessidade de se reverter uma curva negativa em termos de fluxo migratório.
Pesquisa complementar
Esse tipo de preocupação ganha motivação-extra com uma pesquisa do DEE (Departamento de Economia e Estatística), que leva em conta dados econômicos e estatísticos da chamada “Razão Dependência dos Idosos”. Trata-se da análise da relação de dependência das pessoas acima de 65 anos em relação à população entre 15 e 64 anos.
“Como consequência de ter uma população mais envelhecida que o agregado nacional, o Rio Grande do Sul chegaria, em 2060, com um idoso para cada duas pessoas em idade potencialmente ativa, indica a nota técnica assinada pelos autores do documento, Bruno Paim e Pedro Zuanazzi.
Para a secretária, é preciso que o Estado tenha uma visão estratégica para reter talentos e, em especial, para receber novos investimentos. “Mas para isso, nossos ecossistemas precisam ser mais atrativos”, ressalva Leany, responsável por conduzir a elaboração do PPA (Plano Plurianual), que apontará as prioridades do Executivo e dos demais poderes para o período 2020-2023.
Menos nascimentos
O estudo sobre o cenário demográfico também dá destaque a outro indicador com forte impacto nas projeções: a Taxa de Fecundidade. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que os gaúchos têm uma das menores índices do País, estando atrás apenas de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.
Aliado aos demais fatores analisados na pesquisa, esse contexto fez com que o Rio Grande do Sul acabou esgotando o bônus demográfico (caracterizado como o período no qual a Razão de Dependência total é decrescente), quatro anos antes do que registrado em nível nacional. No Brasil, a Taxa de Fecundidade está abaixo do patamar de reposição desde 2005.
(Marcello Campos)